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Edição

Nas últimas décadas, a taxa de participação feminina na força de trabalho cresceu de maneira expressiva no Brasil, passando de 18,5% em 1970 para 48,9% em 2010. Apesar disso, a segregação ocupacional por sexo persiste e pode ser um fator determinante para explicar a diferença salarial em desfavor das mulheres no país. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é compreender porque as ocupações femininas pagam menos. A fim de testar a teoria sociológica da desvalorização do trabalho feminino, avalia-se o impacto da transição entre ocupações distintas quanto à composição por sexo no rendimento dos trabalhadores. Para isso, são utilizados os microdados longitudinais de divulgação trimestral das edições de 2012 a 2019 da PNAD Contínua (IBGE) em um modelo de painel de efeitos fixos. A tipologia de integração ocupacional proposta por Oliveira (2001) é adotada para classificar as ocupações em predominantemente femininas, predominantemente masculinas ou integradas. Os resultados mostram que o trabalhador experimenta queda no rendimento quando transita para uma ocupação feminina, de modo que a hipótese da desvalorização é suportada. Observa-se, ainda, que os maiores rendimentos são recebidos nas ocupações integradas, indicando que a relação entre a composição ocupacional por sexo e os rendimentos é não linear.

Leia o artigo de Yasmin Geronimo da Silva e Daniela Verzola Vaz em https://www.scielo.br/j/rbepop/a/hRNYKTpsB3P5GrGWn6xk7nw/?format=pdf&lang=pt

A extensão da vida laboral está ligada aos anos acumulados de estudo pelos indivíduos e às características do sistema de previdência social (COILE, 2018; GRUBER; WISE, 1999). No Brasil, ao longo das últimas décadas, as pessoas têm adquirido maior educação formal e entram tardiamente no mercado de trabalho, mas a disponibilidade de programas de aposentadoria faz com que saiam precocemente, mesmo que estejam experimentando ganhos em longevidade (QUEIROZ; FERREIRA, 2021). O presente estudo busca caracterizar as transformações, ao longo do tempo, da participação laboral de indivíduos em idades avançadas, considerando as mudanças na composição educacional. Para tanto, foram utilizados os microdados dos Censos Demográficos (1980, 1991, 2000 e 2010), obtidos no IPUMS, e da PNAD de 2015. A participação na força de trabalho foi estimada a partir de modelo logístico binário que considera seus potenciais determinantes e também representa as desigualdades que marcam o contexto. Os resultados mostram que a propensão de estar em atividade se relaciona positivamente à escolaridade. No entanto, pouco mudou no que tange às condições de trabalho de pessoas mais velhas. A precariedade enfrentada por essa mão de obra subsiste ao longo do tempo e persistem as desvantagens de mulheres e negros no que se refere à atuação no mercado de trabalho.

Leia o artigo de Anderson Rocha de Jesus Fernandes e Bernardo Lanza Queiroz em https://www.scielo.br/j/rbepop/a/9ddWyzVWmf5WHNVHSFSnmjm/?format=pdf&lang=pt

Interações entre universidades e empresas são essenciais para sistemas de inovação, com o processo catalisado pela proximidade entre esses atores em diferentes dimensões (cognitiva, organizacional, social, institucional e geográfica). O presente trabalho pretende promover a compreensão da importância da proximidade geográfica para interações universidade-empresa em um momento histórico específico da formação socioeconômica brasileira, quando se observavam a construção de um arcabouço institucional favorável à inovação periférica e o avanço das tecnologias de informação e comunicação que dispensariam a co-localização e o contato face a face em processos de aprendizagem coletiva.

Leia o artigo de Ana Cristina de Almeida Fernandes e outros em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/7mVTr63sgJTFdGPDZZgf3dj/?format=pdf&lang=pt

Os Community Land Trusts (CLTs) são um modelo de gestão coletiva da terra que promove a segurança da posse, assim como o fortalecimento e o desenvolvimento comunitário para populações vulnerabilizadas. Neste artigo, com base na apresentação de experiências consolidadas no Norte e Sul globais, analisam-se os aspectos organizativos e conjunturais que podem contribuir para sua implementação no Brasil. Em seguida, o cenário fundiário brasileiro é descrito, bem como a experiência pioneira em andamento na cidade do Rio de Janeiro. O modelo, ainda incipiente no Sul Global, apresenta potencial para aplicação em assentamentos informais consolidados com vistas a garantir a segurança da posse e o direito à moradia, constantemente negado e violado nesses contextos. Dadas as peculiaridades dos CLTs no Norte e Sul globais, são sugeridas algumas lições que podem ser retiradas dos casos analisados para facilitar a implementação do modelo no Brasil.

Leia o artigo de Tarcyla Fidalgo Ribeiro e outros em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/5XSLnsgvTbQTDhwZqcwDLCS/?format=pdf&lang=pt

Neste artigo, intenta-se avaliar os significados da noção de desenvolvimento que vêm informando as análises sobre “desenvolvimento regional” no Brasil, considerando o âmbito de atuação dos programas de pós-graduação vinculados a esse campo de conhecimento. Em termos metodológicos, recuperam-se as raízes da noção de desenvolvimento, examinam-se alguns significados que ela assumiu ao longo de sua trajetória e revisam-se algumas críticas à concepção de desenvolvimento, aí se chamando à superfície algumas alternativas. A conclusão é de que a noção de desenvolvimento tem sido incapaz de conduzir à superação do real existente. Daí postular-se uma proposição que transcenda (empírica, teórica e politicamente) o protagonismo do capital e do Estado e contemple uma transformação social desde baixo, fundada no impulso para a autodeterminação social.

Leia o artigo de Ivo Marcos Theis em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/XDyFgNVpkxK5sH5Nk3fYYQz/?format=pdf&lang=pt

A proposta deste texto é investigar a relação entre Brasil e China de uma perspectiva da produção do espaço urbano. Para isso, foram analisados os Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) chineses e a participação desse país em projetos de infraestrutura no estado de São Paulo entre 2000 e 2020, contextualizados nas realidades brasileira e latino-americana. O estudo utilizou a “comparação incorporada” desenvolvida por Philip McMichael e conceitos como os de urbanização planetária e circuitos do capital. A hipótese de que o Estado chinês passa a se conformar como um agente da urbanização brasileira foi avaliada de modo a contribuir com o debate em torno da dinâmica da urbanização brasileira contemporânea. Os dados coletados apontam para um papel importante da urbanização no processo de expansão chinês. As infraestruturas ganharam importância ao longo da última década, em consonância com as transformações pelas quais o país passou após a virada do século e a crise de 2008, o que sinaliza um giro em direção ao circuito secundário do capital em tempos de crise de sobreacumulação. Por fim, algumas questões são apresentadas acerca da dinâmica urbana no Sul Global, na América Latina e Caribe e no Brasil.

Leia o artigo de Rubens Marcelo de Campos Pinto em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/Gs98jzd5FvTRP4SCfLxZ9Gk/?format=pdf&lang=pt

O propósito da pesquisa científica em turismo parece ser amplamente desconhecido do público em geral. As práticas e os resultados desse esforço também são essencialmente ignorados fora da academia. Reconhecendo essa problemática, o presente trabalho visa identificar e caracterizar mitos sobre a pesquisa científica em turismo. Desta forma, pretende-se promover o conhecimento acerca dessa atividade, favorecendo seu adequado tratamento perante a sociedade.

Leia o artigo de Glauber Eduardo de Oliveira Santos em https://www.scielo.br/j/rbtur/a/Mnj4p4MpgVgzZ79bnMMvvjN/?format=pdf&lang=pt

O presente artigo oferece uma perspectiva sobre o turismo no Brasil, analisando os principais desdobramentos com foco no período de 2000-2019. Trata-se de um artigo de opinião com reflexões de acadêmicos do turismo brasileiro. Os tópicos relacionados ao turismo, cobertos neste artigo, incluem economia, política e planejamento, marketing, transporte, meio ambiente, gastronomia, hospitalidade, lazer, entre outros. Como principal conclusão, considera-se que o Brasil não conseguiu se posicionar como destino de renome internacional, já que desde a década de 1990 os esforços para apoiar o desenvolvimento do turismo regional obtiveram sucesso apenas moderado. As crises econômicas, a instabilidade política, a violência e a corrupção foram entraves que afetaram consideravelmente o setor de turismo. A falta de uma abordagem coordenada entre os vários níveis de governo, a escassez de dados de turismo e uma campanha de marketing supragovernamental de longo prazo, entre outros fatores, fizeram com que o país perdesse várias oportunidades importantes na década de 2010 para se estabelecer como um dos principais destinos turísticos no mercado global.

Leia o artigo de Gui Lohmann e outros em https://www.scielo.br/j/rbtur/a/Th4bSSDfdb7ycQf9n6xYngL/?format=pdf&lang=pt

A corrupção é um fenômeno com consequências desastrosas para o bem-estar econômico, social e político das nossas sociedades. Em particular, a contratação pública é um fator altamente vulnerável devido ao alto valor econômico de suas transações. A pesquisa analisa o papel que as tecnologias da informação podem desempenhar no combate à corrupção. Além disso, desenvolvemos um caso baseado em dados abertos sobre compras públicas na Costa Rica, a fim de identificar os principais conceitos associados ao sistema de informação subjacente. O caso mostra o potencial das ferramentas tecnológicas de análise de redes sociais para ir de encontro a complexidade das redes de corrupção. Mostra também a necessidade de um ecossistema diversificado e sustentável de dados anticorrupção – preferencialmente em formato aberto.

Leia o artigo de Dagoberto José Herrera Murillo e outros em https://www.scielo.br/j/rap/a/9XV5ZwDbTns98bBn9FJnjZc/?format=pdf&lang=es

Com o propósito de identificar o estado da arte da literatura, acerca da temática da Tecnologia de Informação Verde, ou simplesmente TI Verde, este estudo apresenta uma revisão bibliométrica sobre a referida temática. Seguindo um protocolo de pesquisa, selecionaram-se 171 artigos publicados entre os anos de 2007 a 2020, que fornecem uma visão geral ou são focados em um aspecto particular da TI Verde. Como principais resultados desta produção teórica, destaca-se que a maior parte da literatura sobre TI Verde se fundamenta em análises do nível organizacional. Sobressaem-se as surveys e os quadros teóricos que consideram os aspectos ambientais da TI Verde. Dentre os estudos empíricos, prevalecem as investigações relacionadas às motivações organizacionais e o papel de responsabilidade social corporativa na adoção da TI Verde. Fatores comportamentais, atrelados aos aspectos cognitivos que fornecem uma visão preliminar sobre o status da difusão e maturidade da TI Verde também despontam entre os estudos de campo. Ressalta-se que a maioria dos estudos foram conduzidos em países desenvolvidos, isto é, países onde a tecnologia é mais difundida. Dentre as principais implicações gerenciais da pesquisa, evidenciou-se que a necessidade de maior eficiência energética e, consequentemente, economia de custos nas operações de TI, são os principais fatores para adoção da TI verde. Leia o artigo de Vanessa Theis e Dusan Schreiber em https://www.scielo.br/j/gp/a/VNVXgwvNrttPFM8fGPhHkwr/?format=pdf&lang=en