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“A democracia no Brasil” — diz Sergio Buarque de Hollanda, no indispensável “Raízes do Brasil” — “sempre foi um lamentável mal-entendido”. O diagnóstico, naturalmente, é controverso. Não poderia ser diferente: a própria palavra democracia é, talvez, o mais paradigmático exemplo de um termo essencialmente contestável. Com mais frequência do que gostaríamos, sua ambiguidade leva ao uso de princípios políticos antagônicos derivados do mesmo conceito. Estou certo de que Buarque de Hollanda tinha seus pecados, mas a corrupção da linguagem não era um deles. Sendo assim, um pequeno passo atrás já permite que se identifique tanto a concepção de democracia subjacente à sua análise quanto às circunstâncias que a sustentam. Para aquele que é um dos maiores intelectuais da história do país, a democracia brasileira não seria mais que um mal-entendido porque teria sido importada pela metade por uma aristocracia rural, seus lemas, acomodados como mera decoração externa aos privilégios dessa mesma elite semifeudal. É esse o pressuposto da tese de que “a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós”. Compartilho do diagnóstico e da concepção de democracia em “Raízes do Brasil”. Existe até hoje um mal-entendido fundamental na democracia brasileira, um mal-entendido antecipado por Sérgio Buarque de Hollanda ainda na década de 1930. Jamais se naturalizou entre nós a ideologia impessoal do liberalismo democrático e tudo que ela pressupõe: pluralismo, mobilidade social, governo representativo responsável e — sobretudo para meus propósitos neste ensaio — a noção de império da lei.

Leia o ensaio de Gilberto Morbach em https://insightinteligencia.com.br/democracia-o-imperio-da-politica-e-o-imperio-do-direito/

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