Com base em uma pesquisa multimétodos em dois distritos da periferia de São Paulo, este artigo analisa o processo de mobilidade social observado no Brasil na primeira década e meia deste século. O texto tem dois objetivos: i) compreender as relações entre mudanças no padrão de vida, de caráter mais quantitativo, e no modo de vida, com características qualitativas; e ii) analisar essas mudanças em relação ao projeto de mobilidade das diferentes gerações de trabalhadores das periferias paulistanas. Argumento que, embora seja possível constatar melhorias significativas no padrão de vida, há grande heterogeneidade e frustração nos processos de mobilidade social em torno de três questões: a) ganhos de renda que, embora significativos, não chegam a alcançar os padrões fordistas de décadas passadas; b) melhorias quase sempre instáveis nos rendimentos de trabalhadores e empreendedores; c) frustração de uma mobilidade mais intensa a partir do alcance do ensino superior. Diante de um contexto individualizador com perdas de laços significativos no âmbito familiar e vicinal, promessas não cumpridas de chegada à “classe média” e permanência de precariedade nos serviços públicos, o modo de vida das pessoas foi impactado de formas diversas e, por vezes, traumática.
Leia o artigo de Leonardo Fontes em https://www.scielo.br/j/dados/a/JKdWqjk7pTNCZMnm7GfgBKh/?format=pdf&lang=pt