O reconhecimento da importância da atividade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e da inovação para o desenvolvimento é um dos raros consensos em economia. Embora haja discordância a respeito dos fatores que determinam o nível de P&D em cada país, há evidências robustas a respeito do impacto positivo da intensidade de pesquisa (P&D em relação ao PIB) sobre o crescimento da produtividade. Além disso, há também amplas evidências a respeito do papel crucial da competitividade tecnológica na performance de cada país no comércio internacional. No Brasil, políticas voltadas para a elevação da competitividade tecnológica da produção nacional têm perdido espaço. Segundo dados do MCTI, o investimento em P&D, que subiu de 1 para 1,34% do PIB entre 2000 e 2015, caiu para 1,27% em 2016. Ao adotar uma estratégia de desenvolvimento completamente baseada no mercado, abrindo mão de políticas e investimentos públicos voltados para motivar a pesquisa, a inovação e a produção de bens de alta tecnologia, o Brasil tem caminhado em direção oposta às estratégias adotadas pela União Europeia, a China, os Estados Unidos, entre outros países. Com essa estratégia, o Brasil corre sério risco de ter sua taxa de crescimento média reduzida, e de ficar ainda mais para trás na corrida tecnológica que se encontra intimamente associada ao desenvolvimento econômico. O mais grave é que ficar para trás significa aumentar ainda mais o custo de alcançar os países líderes no futuro, abrindo também a possibilidade de agravamento do quadro social já debilitado do país.
Leia o artigo de João P. Romero na integra em https://diplomatique.org.br/brasil-o-desenvolvimento-interditado/