É comum encontrarmos em trabalhos que possuem a democracia como objeto de análise, especialmente na Ciência Política e na Sociologia, a internet como possível arma para superar os dilemas da democracia representativa.
O objetivo desse artigo é ir na direção contrária, isto é, em um contexto contemporâneo marcado pela defesa de uma democracia digital, aqui reforçaremos a ideia de que a democracia se faz primordialmente na materialidade dos espaços políticos, especialmente em escala local. Demonstrar-se-á, a partir do estudo de caso de Juazeiro do Norte (CE), de que modo a democracia se constrói em espaços geográficos que existem fisicamente no mundo sem os quais o sistema democrático seria fortemente afetado. Para tanto, o artigo utiliza informações compiladas sobre a cobertura de rede móvel e de participação eleitoral e, posteriormente, dados primários e secundários sobre Associações (definidos na discussão teórica como espaços políticos limitados) presentes no município. O artigo revela a ilusão da democracia digital em um território desigual e sugere que o fosso existente na participação política entre os cidadãos no Brasil não será combatido priorizando o ciberespaço, mas sim, deve-se reforçar e revalorizar os espaços políticos em diferentes escalas, respeitando as diferenças socioespaciais existentes no território brasileiro.
Leia o artigo de Daniel Abreu de Azevedo e David Melo van den Brule em https://www.scielo.br/j/mercator/a/SpPX8BgMny8RXjXWH4vxDHF/?format=pdf&lang=pt