No fim do século passado, um acúmulo de preocupações locais com o então chamado “meio ambiente humano” induziu entendimentos globais sobre “meio ambiente e desenvolvimento”, que acabaram por engendrar um novo valor: a sustentabilidade. Embora tais fatos sejam bem conhecidos e tenham sido bem analisados, há uma dimensão que parece não ter merecido a devida atenção: o protagonismo das ciências biomédicas nessa evolução. Deve-se essencialmente ao grande microbiologista francês René Dubos (1901-1982) – editor, desde 1946 do Journal of Experimental Medicine – a elaboração do esquecido relatório Only One Earth, a referência conceitual da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo (1972). Vinte anos depois, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida por Rio-92, ou Eco-92, consagrou as ideias contidas no relatório Nosso Futuro Comum (1987), cuja liderança autoral foi da médica norueguesa Gro Harlem Brundtland. A partir dos anos 1990, houve iniciativas dispersas com o objetivo de institucionalizar tão decisivo vínculo, entre as possíveis evoluções da saúde humana e os ecossistemas naturais. Depois de sobrevoá-las, este artigo questiona as formulações teóricas da que mais parece ter obtido sucesso, além de também ser a mais recente: a “Saúde Planetária”.
Leia o artigo de José Eli da Veiga em https://www.scielo.br/pdf/ea/v34n99/1806-9592-ea-34-99-303.pdf