Arquivo para categoria: Categoria: Boletim 141

Edição

Este artigo se dedica a compreender como as fronteiras que delimitam o que é a Economia têm sido definidas. Para tanto, são identificadas e analisadas as relações estabelecidas entre ortodoxos e heterodoxos e entre ortodoxos, heterodoxos e os demais agentes do campo. A exemplo de outros estudos, os programas de pós-graduação da PUC-Rio e da FGV-Rio, de um lado, e da UFRJ e da Unicamp, de outro, foram tomados, respectivamente, como os representantes paradigmáticos da ortodoxia e da heterodoxia. O mapeamento das redes de interações mostra que, em que pese a importância da oposição entre o liberalismo neoclássico e seus críticos, o processo contínuo de disputas em torno dos limites definidores da Economia é complexo e multifacetado. Em vez de se encerrar exclusivamente no enfrentamento entre dominantes e não dominantes, o campo abriga ortodoxos e heterodoxos de variadas matizes, em diferentes situações.

Leia o artigo de Francisco Marques em https://www.scielo.br/j/dados/a/wydvF939TQ9Tnvk8BT4PGQs/?format=pdf&lang=pt

Este artigo discute a aplicabilidade de políticas econômicas e outras ações governamentais desenvolvimentistas às economias financeirizadas. Mobiliza os princípios regulacionistas teórico-metodológicos para uma macroanálise histórica e institucional. Após uma breve revisão dos conceitos da Escola da Regulação, incluindo o “regime de política econômica” (Théret, 1992, Lordon, 2002, Boyer, 2015), o caso brasileiro é analisado como um exemplo notável de compatibilidade institucional com a acumulação rentista-financeira em detrimento da acumulação de capital fixo produtivo. Vários indicadores deste caso são apresentados.

Leia o artigo de Miguel Bruno e Leda Maria Paulani em https://www.scielo.br/j/rep/a/XNnjKHckFD6frvrZMZSsXPD/?format=pdf&lang=en

O objetivo deste trabalho é analisar a ascensão da política de apoio às exportações e ao investimento externo brasileiro durante os governos Lula e Dilma (2003-2016), bem como seu esvaziamento como política estatal nos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022). Na primeira parte, apresentamos as abordagens teóricas e metodológicas utilizadas para entender a internacionalização de empresas no âmbito da política externa brasileira entre 2003 e 2016. Na segunda, demonstramos os principais instrumentos de apoio estatal à internacionalização de empresas nacionais nesse período. Na terceira, selecionamos elementos da política externa brasileira para África e América Latina como interface para a inserção de empresas nacionais nesses mercados. Por fim, analisamos como elementos de conjuntura econômica e política que ajudam a entender o esvaziamento do apoio estatal à internacionalização de empresas nacionais nos governos Temer e Bolsonaro, como a substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP) nos novos contratos do BNDES.

Leia o artigo de Robson Coelho Cardoch Valdez em https://www.scielo.br/j/rep/a/TTDMkVPKPQGmXbFH8wqfMYc/?format=pdf&lang=pt

Este trabalho realiza uma análise comparativa do dinamismo econômico e tecnológico dos setores industriais do Brasil durante o período 2007-2020, com vistas a identificar correspondência entre essas variáveis de resultado e a prática de política industrial (PI) setorial. Os resultados sugerem ter havido pouca coordenação entre o emprego dos instrumentos, que grande parte dos setores não se distinguiu dos padrões gerais da indústria de transformação, que performances excepcionais não estão relacionadas à diversidade de instrumentos, mas que os setores de maior intensidade tecnológica parecem ter respondido particularmente bem à combinação de financiamento do BNDES e da FINEP e uso de poder de compra público.

Leia o artigo de Luís Felipe Giesteira e outros em https://www.scielo.br/j/rep/a/B7SMKhmLXtDCCrjMd8yr3qB/?format=pdf&lang=pt

Este artigo resgata o debate sobre a independência do banco central a partir de sua origem histórica e relação com a financeirização. Diante da dominância financeira, os Estados passam a ter menos ingerência sobre as políticas dos bancos centrais, na medida em que os bancos centrais adquirem maiores capacidades de ação com o fortalecimento da política monetária. A independência do banco central é uma expressão da financeirização na medida em que torna a autoridade monetária mais susceptível às pressões dos mercados financeiros e, simultaneamente, limita a participação do Estado e da sociedade na condução da política monetária.

Leia o artigo de Rodrigo Siqueira Rodriguez em https://www.scielo.br/j/rep/a/VtLzsYy79LMqBs9jHbMhG8J/?format=pdf&lang=pt

Este comentário critica a reprodução da crença equivocada de que a economia mainstream é igual à economia neoclássica e de que esta, por sua vez, é igual à economia (neo)liberal. A rejeição dessas igualdades complica as relações entre economia mainstream, ortodoxa e heterodoxa. O comentário argumenta também que o caso do Brasil é diferente do americano, pois várias ideias econômicas que são marginalizadas nos Estados Unidos têm prestígio e influência na academia brasileira, o que torna o próprio conceito de economia mainstream mais ambíguo. Tudo isso implica várias divergências em relação ao artigo recente de Francisco Marques (2024). Outras diferenças são apontadas no que se refere ao uso de matemática, estatística e econometria e à interdisciplinaridade. O resultado é uma visão mais complexa da academia de economia nos Estados Unidos e sobretudo no Brasil. O comentário também identifica e corrige as principais distorções na tradução que Marques faz de um trecho relativamente longo de Dequech (2018).

Leia o artigo de David Dequech em https://www.scielo.br/j/dados/a/ckSQ9r3PZhXxntfB38ZnvBB/?format=pdf&lang=pt

O efeito da política fiscal sobre os ciclos econômicos tem sido fonte de maior controvérsia apesar da crescente literatura empírica e experiência internacional. Este artigo propõe um escopo analítico que permita analisar os canais de transmissão de política fiscal, atualizando as descobertas mais recentes após pandemia. Dessa forma, pretende-se contribuir para um entendimento mais detalhado de alguns dos principais mecanismos pelos quais a política fiscal afeta a economia.

Leia o artigo de Manoel Carlos Pires e Luiz Fernando de Paula em https://www.scielo.br/j/rep/a/Y7TJV674CKkhtCvH54Rf56t/?format=pdf&lang=pt

O artigo tematiza a educação ambiental no Brasil, em consonância com os direitos humanos, e objetiva ponderar sobre a Lei n. 9.795 de 1999. Problematiza-se o que a Lei n. 9.795/99 efetivamente oportunizou em termos ambientais e objetiva-se investigar de que forma os espaços informais de ensino foram favorecidos e se a educação ambiental se efetiva em uma perspectiva limitada ao espaço escolar ou deve estar disseminada como conteúdo ético e prático nas relações humanas. Para a pesquisa, utiliza-se o método dedutivo, com pesquisa qualitativa bibliográfica e legislativa. Metodologicamente, são apresentados os aspectos históricos da educação ambiental e os seus reflexos no Brasil, perpassando pelos tratados internacionais dos quais o país é signatário, assim como os mandamentos constitucionais, órgãos e institutos que consagram a proteção do meio ambiente e a gestão ambiental, sobretudo por meio da educação ambiental. Sequencialmente, enfoca-se na Lei de Educação ambiental (Lei n. 9.795/99), refletindo criticamente sobre suas disposições. É resultado da pesquisa a importância da educação ambiental para a Política Nacional de Educação, entendendo-a como objetivo para uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações (i.e., aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos). A educação ambiental deve estar inserida no ensino formal, ademais, direcionada à comunidade, visando à garantia da democratização das informações socioambientais, ao estímulo ao fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, ao incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente. A defesa da qualidade ambiental é valor inseparável do exercício da cidadania.

Leia o artigo de Leilane Serratine Grubba em https://www.scielo.br/j/inter/a/MFsnMykrrpGggrMVLV8RCzs/?format=pdf&lang=pt

É notória a necessidade de trabalhar para a sustentabilidade, o que inclui a atividade turística. Isso requer trabalhar os aspectos ambiental, econômico e social de forma equilibrada, bem com os interesses dos atores envolvidos no desenvolvimento turístico. Para tanto, a Teoria do Commons é um apoiador nesse processo, pois se baseia em ações coletivas para lidar com recursos compartilhados. Assim, com o objetivo de analisar relações de pesquisa existentes na literatura científica entre commons e turismo, foi desenvolvida uma revisão integrativa da literatura, tendo como fundamento as cinco etapas definidas por Tranfield, Denyer e Smart (2003). As bases de dados selecionadas foram o Google Scholar, a SciELO, a Scopus e a Web of Science, e as buscas sistemáticas ocorreram no dia primeiro de julho de 2021. Dos 163 estudos levantados, 22 foram selecionados após o uso de critérios de exclusão e inclusão. Os principais resultados encontrados foram: a) a percepção de um aumento moderado de estudos sobre a relação turismo e commons, b) o levantamento de uma diversidade de atores envolvidos no bem comum turístico, c) o entendimento de certos conflitos que devem ser trabalhados em destino turístico sustentável, d) o uso de variadas formas de regulação dos recursos compartilhados na atividade turística, e) cinco ações para desenvolver um turismo sustentável baseado na Teoria do Commons. Em relação a futuras pesquisas, sugere-se estudar se ações tomadas em prol de um turismo sustentável utilizam a Teoria do Commons e como se desenvolvem a gestão e a governança desse processo, além de identificar e analisar quais recursos turísticos são adequados à prática do bem comum.

Leia o artigo de Leonardo Lincoln Leite de Lacerda e Alexandre Augusto Biz em https://www.scielo.br/j/inter/a/qrsjtgs7vdsG7QHn4bx8sFq/?format=pdf&lang=pt

No final da década de 1970, a República Popular da China (RPC) promoveu políticas de atração de investimentos do mundo capitalista desenvolvido, visando à transferência tecnológica e oferecendo um ambiente lucrativo em troca. Embora o capital, o know-how e a tecnologia das ETN tenham sido fatores fundamentais para o desenvolvimento chinês, o Estado planejou e regulou esses investimentos, de modo que possam ser alinhados a um projeto autônomo de desenvolvimento, evitando a clássica relação de dependência centro-periferia. A análise deste trabalho centra-se nos Planos Quinquenais e nas leis de política de regulação para o investimento interno. Ao final analisamos os dados do IDE, que nos permitiram identificar as principais mudanças e distintas fases do desenvolvimento do IDE e da política de Estado. Leia o artigo de Tomás Costa de Azevedo Marques e Giorgio Romano Schutte em https://www.scielo.br/j/rep/a/QJXKnQFYsbYRst57HPYJTQN/?format=pdf&lang=en