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Este artigo se baseia em dois livros de Alberto Guerreiro Ramos, Administração e contexto brasileiro e A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações, e tem por objetivo apresentar os principais aspectos das teorias organizacionais analisados pelo autor, que os denomina “pontos cegos”. São quatro os pontos cruciais que as teorias organizacionais não suprem e, ao se desenvolverem, absorveram conceitos que foram transformados: a) a noção de racionalidade, que domina não só os Estudos Organizacionais, como também a economia, a ciência política e as ciências sociais, a b) não distinção entre significado substantivo e significado formal de organização, c) as teorias organizacionais não têm clara compreensão do papel das interações simbólicas, e, por último, d) as teorias organizacionais se apoiam somente em uma visão mecanomórfica do homem. Os pontos, que são aprofundados ao longo das duas obras, aparecem enumerados em um capítulo específico de A nova ciência das organizações. A impressão é de que o próprio Guerreiro Ramos tenha sentido essa necessidade, como uma breve recapitulação, antes de propor seu modelo multidimensional de sociedade (que não é abordado neste artigo). Isso se dá pela amplitude e profundidade da obra de Guerreiro Ramos. Exemplo disso são as possíveis agendas para seu estudo já elaboradas por diversos outros autores. Conclui-se que o pensamento de Guerreiro Ramos se mantém atual, suas críticas e preocupações são pertinentes e mostram-se fundamentais para os que pretendem desenvolver estudos críticos na área de organizações, em seu ensino e no desenvolvimento de outras possibilidades de gestão.

Leia o artigo de Susana Iglesias Webering em https://www.scielo.br/j/cebape/a/HygRH34x8GvLhTYSjHQmgSf/?format=pdf&lang=pt

A ciência da administração que se construía na década de 1950 era vinculada ao desenvolvimento, rejeitava o apriorismo da gerência científica recebida dos EUA e buscava, a partir das ciências sociais, promover de maneira crítica conteúdo que propiciasse a adaptação das técnicas importadas à nossa realidade. Nessa busca por representar o contexto local, a EBAP se aproximou das proposições do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). A apreensão do contexto local é fundamental para a formação de bons profissionais. Resgatar os esforços produzidos pela EBAP nos anos 1950 para a construção de uma administração brasileira, e as contribuições que ISEB e CEPAL deram nesta empreitada, podem ajudar a nos mostrar caminhos de como (re)conectar a ciência da administração com o contexto nacional. Leia o artigo de Sergio Wanderley e outros em https://www.scielo.br/j/cebape/a/y9c9ZQDQKyb7scKx7TbmRCH/?format=pdf&lang=pt

Este texto teve como objetivo a construção de um esquema teórico analítico e representativo das práticas e ações sociais formadoras de paradigmas históricos de administração. Especificamente, analisou a relação entre a ação social e a sua construção legitimadora, de dominação e aceitação, tendo em pauta os seus princípios estruturantes e instituições concretas, assim como as dimensões moral e material que podem condicionar a ação e a sua construção cognitiva de significação. Como procedimento de pesquisa e análise, partiu-se da vinculação entre as categorias lógicas e suas determinações históricas, pari passu com a exposição das contradições das abordagens que elevaram tais categorias ao plano de um desenvolvimento ontológico racional sem acúmulos e historicidade. Concluiu-se que, ao se considerar a destrutividade intransponível do sistema metabólico do capital, as formas de alteridade de administração, definidoras do paradigma de gestão societal, que poderiam ser compreendidas somente pela estruturação moral, engendram-se também como necessidade histórica, o que faz da construção do interesse público uma necessidade moral e material, indispensável para a efetivação do interesse individual emancipado ou legítimo.

Leia o artigo de Elcio Gustavo Benini e outros em https://www.scielo.br/j/osoc/a/cpxsBXnmxrft4phQn3pcBCM/?format=pdf&lang=pt

Em uma era de descolonização e império, o campo da gestão abraçou a contrarrevolução neoliberal liderada pelos EUA e desafiou a hierarquia eurocêntrica teoria-prática para produzir conhecimento relevante por meio de teorias de aprendizagem gerenciada. Contra a ameaça de “relevância reversa” promovida por bárbaros emergentes/ressurgentes essa contestada revolução gerencial (RG) reformista e mercadocêntrica subalterniza teorias-práticas sulistas do multifacetado campo de administração do desenvolvimento (AD) e “desdesenvolve” a maioria global ao privilegiar grandes corporações e elites transnacionais. A RG é expandida nos anos 1990 por meio de uma perspectiva social pós-Consenso de Washington baseada em dinâmicas reocidentalizantes branqueadoras de apropriação-contenção de neoliberalismos desenvolvimentistas e movimentos contra-hegemônicos sulistas informados por dinâmicas desocidentalizantes e decoloniais que desafiam-reafirmam estruturas do capitalismo racial. Em uma Era do Desenvolvimento, a RG é rearticulada nos anos 2000 em resposta a hibridismos “irresponsáveis” em países e sociedades emergentes impulsionados por dinâmicas sulistas de aprendizagem-desaprendizagem-reaprendizagem. Este artigo investiga coprodução de relevância sulista do conhecimento no Brasil por meio de cumplicidade subversiva a partir de um nexo organização-escola privilegiado. A análise mostra como gestores e pesquisadores (re) mobilizam teorias-práticas sulistas para coproduzir relevância sob uma perspectiva transformacional-reformista. No final, apresentamos discussões e sugestões para reapropriação coletiva da relevância sulista engajada com o outro em sociedades emergentes/ressurgentes no Sul e Norte.

Leia o artigo de Alexandre Faria em https://www.scielo.br/j/rae/a/dWztvhbMjHJtTSYpHpWsJYR/?format=pdf&lang=pt

Este artigo tem como objetivo propor a abordagem histórica decolonial polifônica para os estudos em gestão, justapondo o aporte teórico-metodológico da perspectiva histórica à luz da opção decolonial. Com a estrutura de artigo conceitual, propomos um encontro entre a abordagem historiográfica e os estudos em gestão, com o intuito de refletir sobre as possibilidades de aprimoramento da teoria das organizações, ressaltando a preocupação metodológica com a polifonia nos estudos históricos. Como resultado, reconhecemos as limitações epistemológicas no uso da história quando associado às pesquisas em gestão que precisam ser superadas, ao mesmo tempo em que firmamos o posicionamento de reconhecer a história composta por narrativas entendidas como representações fragmentadas do passado. Além disso, articulamos a opção ético-política da decolonialidade para embasar a co-construção de narrativas históricas sobre saberes-práticos translocais em gestão rumo à transmodernidade pluriversal. O artigo contribui com (re)orientações epistêmicas e metodológicas engajadas em domínios mais amplos da (1) pesquisa-ensino local/regional (2) mediante a teoria e prática da gestão em (3) resgate da identidade sociocultural.

Leia o artigo de Ítalo da Silva e Elisabeth Cavalcante dos Santos em https://www.scielo.br/j/bbr/a/BYNy54LsJZJZYPzDtKyQRfm/?format=pdf&lang=pt

Este artículo tiene como objetivo realizar un ejercicio de retrospección autocrítica sobre los Estudios Organizacionales enmarcados en el contexto latinoamericano. Su desarrollo e incidencia en la región ha crecido y se ha consolidado -aunque no en todos los países al mismo nivel y profundidad- como un campo de conocimiento crítico para el estudio de las organizaciones. No obstante, hay algunos asuntos aún sin resolver sobre los cuales es necesario debatir. Es así como se retoma la expresión de Wittgenstein para formular algunas preguntas fundamentales, en relación con su identidad y proyección, en busca de una ‘fricción’ que permita seguir por ese camino de crecimiento. Aunado a lo anterior, se discuten algunos aspectos constitutivos de los Estudios Organizacionales. Las reflexiones permitirán, no solo ahondar en este campo de conocimiento sino, también, contribuir con los investigadores y estudiosos de las organizaciones en la región a construir una posición propia sobre el asunto.

Leia o artigo de Diego René Gonzales-Miranda em https://www.scielo.br/j/rae/a/YhsH66sJz3ym8rRtQyWrTbb/?format=pdf&lang=es

A partir do final dos anos 1970, o capitalismo experimentou uma fase regressiva – o capitalismo neoliberal financeiro-rentista – e, desde 2008, entrou em crise terminal. Os capitalistas deixaram de controlar o processo de acumulação de capital e inovação que os legitimava, e o capitalismo deixou de produzir desenvolvimento econômico e progresso humano. Em seu lugar, está surgindo uma nova organização social, que o autor denomina “gerencialismo democrático”, no qual a classe dos gerentes ou tecnoburocratas voltou a se fortalecer e a constituir o núcleo da nova coalisão de classes dominantes. Ao mesmo tempo, a democracia vem enfrentando bem o desafio autoritário, e é possível prever que ela se aprofundará no gerencialismo democrático.

Leia o artigo de Luiz Carlos Bresser-Pereira em https://www.scielo.br/j/rae/a/GSW5RNrtjxVSpWrfrSSKV8Q/?format=pdf&lang=pt

A pesquisa no campo da administração pública encontra-se permanentemente desafiada a refletir sobre a complexa relação que envolve a administração e democracia. O retorno ao cenário nacional e internacional de forças políticas situadas no campo da extrema direita, que recorrem às regras do jogo democrático como ferramentas contra a clássica democracia liberal, coloca desafios teórico-epistemológicos adicionais ao campo. Quais os desafios e perspectivas da produção do saber no campo da administração, particularmente no que diz respeito à articulação entre modelos de gestão e democracia, considerando projetos de sociedade e modelos de desenvolvimento? Esse debate requer a mobilização de conhecimento crítico, o redesenho de objetos de estudo, do significado da participação, o aprofundamento do caráter interdisciplinar da pesquisa, além de explicitar a dimensão política da relação entre res publica e democracia.

Leia o artigo de Elisabete Santos e Renata Alvarez Rossia em https://www.scielo.br/j/osoc/a/3jTDtfHgL9FdKd3SXQmqQKr/?format=pdf&lang=pt

En este ensayo argumentamos que solamente sería posible comprender las transformaciones de la administración pública en la actualidad a partir de una observación atenta sobre el desarrollo del capitalismo en distintos momentos de su etapa neoliberal, su historia y sus implicaciones teóricas y prácticas. En esa medida, problematizamos las transformaciones del neoliberalismo y su nueva versión en el siglo XXI, entre otros: el tránsito del principio antropológico desde el Homo Economicus hacia el Homo Redemptoris, el hombre emprendedor, a partir de la incorporación de nuevas matrices teóricas. Este re-direccionamiento hace parte de una serie de transformaciones que se insinúan en relación al nuevo papel que cumpliría el Estado como “emprendedor” como facilitador de negocios; en la redefinición de la función de Gobierno, la cual tiende hacia la Gobernanza como forma política central; en la creación de los espacios públicos no estatales, con la regresión de las políticas sociales y el avance de “medidas” que giran hacia una supuesta libertad económica; y en la Administración Pública, comprendida como simple gestora de redes de contratos promovidos por los gobiernos en función de la iniciativa privada y los mercados y en los cuales se busca garantizar la eficiencia y la eficacia de los mismos, es decir, situaciones de lucro en particular y de la acumulación de capital en general. Esta impronta característica en el Estado neoliberal contemporáneo pretenden dar continuidad a la construcción estratégica de una sociedad de mercado para el siglo XXI, con drásticas implicaciones para los países dependientes, especialmente considerando la realidad de la super-explotación, miseria y de la desigualdad en América Latina y el Caribe “desde abajo”, es decir, de Nuestramérica.

Leia o artigo de Paulo Ricardo Zilio Abdala e José Francisco Puello-Socarrás em https://www.scielo.br/j/read/a/3qY3GbRY6HMYd7BqXgBcrKz/?format=pdf&lang=es

Adotando como recorte temporal a década de 1990, este artigo aborda a influência das instituições multilaterais na realização de projetos de desenvolvimento no Brasil, a partir de uma revisão histórica da noção de Gestão do Desenvolvimento (Brinkerhoff & Coston, 1999; Thomas, 1996). Relatórios consolidados do período da Reforma Gerencial do Banco Mundial foram analisados para averiguar as sugestões normativas feitas pela agência multilateral para o sucesso dos empreendimentos e implementação de investimentos no país à época. O estudo se alinha aos Estudos Críticos de Desenvolvimento ao apresentar o desenvolvimento histórico da experiência gerencial no Brasil como reflexo do poder e influência do gerenciamento de projetos em países subdesenvolvidos. O referencial teórico adotado neste estudo foi a perspectiva crítica a partir da abordagem seminal de projetos de desenvolvimento interorganizacional em países do Terceiro Mundo de Ika e Hodgson (2014). Os resultados demonstram como as agências multilaterais têm atuado na América Latina a partir de uma perspectiva gerencialista. Esse novo entendimento foi desenvolvido a partir do levantamento dos fatores críticos do alinhamento entre a forma de gestão e os princípios da globalização para lançar luz sobre os interesses das ações diretivas dos organismos internacionais nos países em desenvolvimento. O artigo conclui com evidências da atuação do Banco Mundial em coesão com a área de gestão do desenvolvimento com dependência do modelo ocidental para estruturação do aparato de gestão.

Leia o artigo de Adele de Toledo Carneiro em https://periodicos.fgv.br/cadernosebape/article/view/89167/84469