Arquivo para categoria: Category: Boletim 129

Edição

A difusão de inovação em gestão pública e o uso de tecnologias em prol do acesso à informação, da transparência, e da participação social são marcas dos esforços governamentais para o desenvolvimento e expansão do paradigma do Governo Aberto no Brasil. O presente artigo pretende divulgar os resultados de uma pesquisa de doutorado que investigou o paradoxo entre a vasta quantidade de dados governamentais disponibilizados na tomada e prestação de contas dos administradores públicos federais e a baixa percepção e apropriação do conhecimento gerado pelo cidadão. Seu propósito central consistiu em realizar uma modelagem do domínio de conhecimento da tomada e da prestação de contas anual dos gestores públicos federais a fim de facilitar e acelerar o desenvolvimento de agentes de software cívicos. Do ponto de vista metodológico, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória qualitativa com procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e documental. Utilizou-se o framework Protégé 5.5.0 e a metodologia OntoForInfoScience, proposta por Mendonça (2015), para desenvolver o protótipo de ontologia. Como resultado, foi criada a ontologia de domínio chamada OntoAccount para representar os conceitos e os relacionamentos do domínio, além de possibilitar responder a questionamentos sobre as instâncias do domínio da tomada e prestação de contas anual dos gestores públicos federais. Leia o artigo de Reuber da Silva Fonseca e Gercina Angela Lima em https://www.scielo.br/j/pci/a/CdcLhTccskBfrVrCdcb6m3q/?format=pdf&lang=pt

A escalada na abertura de dados governamentais é um fenômeno originado a partir de longos debates sobre a modernização do Estado. A pesquisa é motivada em compreender os desafios impostos à administração pública na publicação de dados de forma alinhada ao movimento aberto sob a ótica dos portais de dados abertos. O objetivo deste artigo consiste em propor um modelo de diagnóstico para a maturidade de portais de dados abertos, com foco na disponibilização dos recursos informacionais do governo com abrangência, consistência, eficácia e transparência. A metodologia foi dividida em três fases. A primeira fase foi um pré-teste realizado em portais de dados abertos nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e Irlanda, motivado por pesquisas que evidenciaram o histórico do movimento de dados abertos, conjuntamente a um panorama atual de iniciativas, estágios de evolução e desafios, que serviu para definir as dimensões analíticas fundamentais para a proposição do modelo de maturidade. Na segunda fase, foi desenvolvido um modelo de diagnóstico de maturidade para portais de dados governamentais abertos. Na terceira fase, o modelo foi aplicado e validado nos mesmos portais do pré-teste. Os resultados da aplicação do instrumento de diagnóstico podem orientar a administração pública na condução de uma governança de dados mais eficiente e responsável, beneficiando o governo, o movimento de dados abertos e a sociedade civil. Leia o artigo de Dirceu Flavio Macedo e Daniela Lucas da Silva Lemos em https://www.scielo.br/j/emquestao/a/4SbqWkzScbZrGFdyj7vVJks/?format=pdf&lang=en

Visando acelerar a complexidade da economia do Estado de São Paulo, o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI) foi concebido para orquestrar a implantação de parques tecnológicos em alguns dos seus municípios. Após praticamente uma década de existência, esta política regional começa a ser questionada no que diz respeito ao desempenho dos seus parques, que deveriam gerar impactos positivos nas regiões onde se localizam. A origem destes questionamentos está no divórcio entre o arcabouço e o desenho institucional do SPAI e a lógica do modelo da política de parques tecnológicos. O principal objetivo deste artigo é analisar a forma pela qual o SPAI tem orquestrado os incentivos para que os parques tecnológicos paulistas promovam o desenvolvimento regional. Para tanto, a metodologia empregada neste artigo combinou pesquisa qualitativa e a construção de um modelo lógico de parques tecnológicos.

Leia o artigo de Patrícia Mello e Maurício Serra em https://www.economia.unicamp.br/images/arquivos/artigos/TD/TD439.pdf

O objetivo deste artigo é propor um diálogo entre os estudos que, aliando o pensamento sanitarista brasileiro a uma concepção heterodoxa de economia política, têm enfatizado a importância da relação entre saúde e desenvolvimento a partir do conceito de Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e a análise marxista da nova estrutura de mediação social do capitalismo feita pela Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPC), na qual as chamadas plataformas digitais acabaram por adquirir centralidade. Para tanto, é efetuada uma distinção entre plataforma digital no sentido técnico e as empresas proprietárias de plataformas digitais.

Leia o artigo de César Ricardo Siqueira Bolaño e Fabrício Zanghelini em http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/ojs-2.4.8/index.php/cdes/article/view/642/pdf

A proliferação de plataformas digitais transformou cenários econômicos, orquestrando conexões entre diversos agentes e promovendo a inovação. No entanto, a regulação continua sendo uma preocupação, suscitando a necessidade de dados abrangentes sobre a economia das plataformas. Este é o primeiro estudo que fornece dados agregados sobre a economia brasileira de plataformas digitais, abordando duas questões: as empresas brasileiras estão alinhadas com a tendência global de plataformização e quais atributos distintivos as caracterizam? Identificando 556 empresas de plataformas no país, o estudo confirma a participação ativa do Brasil na economia global de plataformas. No entanto, estas empresas, principalmente jovens e PMEs, apresentam concentração regional e dependência de investimentos estrangeiros. O estudo descreve a necessidade de quadros regulamentares diferenciados, considerando o porte da empresa, a participação de mercado e a base de usuários. Concluindo, a pesquisa lança luz sobre a economia de plataformas no Brasil, enfatizando seus atributos únicos e oferecendo insights cruciais para formuladores de políticas e investigações futuras.

Leia o artigo de Victo José da Silva Neto e outros em https://www.scielo.br/j/neco/a/5fqYyrC58McVycPtcCcnrmv/?format=pdf&lang=en

This article investigates patterns of digital technologies’ adoption by industrial firms of selected developing countries, namely: Argentina, Brazil, Ghana, Thailand, and Vietnam. The objective is to identify inter and intra countries’ similarities and differences in terms of digital adoption, and understand how this distribution is leading to digital heterogeneities thus reinforcing the well-entrenched structural heterogeneity prevailing in these economies. The analysis is based on surveys carried out between 2017 and 2019 that covered a panel of 1,212 firms of varied sizes and industries. The evidence shows that most firms are currently adopting a low level of digitalization and have a positive expectation for the future even with a low level of readiness. The larger and technology intensive firms are, the higher the probability of firms being digitally progressive. These results suggest an increase of inter and intra countries asymmetries in digital adoption, bringing the emergence of digital heterogeneities.

Leia o artigo de Julia Torracca e outros em https://www.scielo.br/j/rbi/a/gDfLcrCZWgFRRXLjFwHVTzN/?format=pdf&lang=en

A discussão sobre hiato tecnológico parte da ideia de que empresas e países com diferentes níveis de desenvolvimento tecnológico atingem resultados econômicos distintos, em termos de nível de renda, ou de competitividade. O objetivo deste trabalho é investigar a existência de hiato tecnológico entre as pequenas empresas do Brasil e de países europeus selecionados, com base nas pesquisas de inovação Community Innovation Survey e Pesquisa de Inovação Tecnológica, para 2014. Por meio de metodologia baseada no conceito de “distância euclidiana”, foi desenvolvido o Índice de Inovação e Índice de Eficiência do Esforço Inovativo, ambos a partir de dados de esforço e resultado inovativo. Os principais resultados mostram que, com referência aos pares europeus, pequenas empresas brasileiras não apenas têm elevado hiato no Índice de Inovação, como também o tem no indicador de eficiência do esforço inovativo.

Leia o artigo de Marcelo Duarte Silva e Marisa dos Reis Azevedo Botelho em https://www.scielo.br/j/rbi/a/74G4Nkjs5QsWQGzz9PFmJrn/?format=pdf&lang=pt

A digitalização tem potencial de provocar transformações na organização da produção internacional e no escopo e extensão das cadeias globais e regionais de valor (CGVs), com efeitos sobre as possibilidades de inserção dos países em desenvolvimento. A contribuição deste artigo é analisar potenciais impactos da digitalização sobre as CGVs, identificando algumas particularidades do caso brasileiro à luz do seu padrão de inserção nas CGVs. O artigo apresenta a importância das tecnologias digitais, em um primeiro momento, para viabilizar a conformação das CGVs. Já no período marcado pela “desglobalização”, as tecnologias digitais são adotadas pelas empresas líderes para mitigar os problemas associados às estruturas de produção verticalmente fragmentadas e aos riscos sistêmicos associados à extensão das cadeias. Ao considerar como as tecnologias digitais podem influenciar a organização da produção internacional e as estruturas de governança das CGVs, o artigo aponta tendências multifacetadas e, por vezes, de direções contrárias. Dentre elas, o aumento da concentração de valor gerado nos países desenvolvidos e a ampliação das dificuldades de inserção dos países em desenvolvimento, sobretudo daqueles especializados em atividades intensivas em mão de obra e com significativos atrasos para adoção de tecnologias digitais.

Leia o artigo de Marília Bassetti Marcato e outros em https://www.scielo.br/j/rbi/a/dBPXWkCXYhfbjKTTKChZ3ng/?format=pdf&lang=pt

Este estudo abordou os efeitos da infraestrutura de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no crescimento econômico global, analisando uma amostra de 122 países de 2005 a 2017. A metodologia, seguindo Hansen (1999), segmentou a amostra com base no PIB per capita, revelando impactos distintos das TICs, dependendo do valor threshold específico de cada país. A banda larga, no primeiro regime, não mostrou significância estatística, enquanto as assinaturas móveis de celular e banda larga, no segundo regime, apresentaram coeficientes mais expressivos. No terceiro regime, essas assinaturas mantiveram um impacto positivo, embora com efeito menor. A análise dos fatores macroeconômicos revelou que o comércio impacta negativamente os países dos dois primeiros regimes, o desemprego tem maior impacto no segundo regime, e as despesas de consumo final das administrações públicas afetam todos os regimes, decrescendo com o aumento do PIB per capita. As implicações teóricas enfatizam a necessidade de abordagens flexíveis na formulação de teorias sobre a relação entre TICs e crescimento econômico. Nas implicações práticas, destacam-se recomendações para políticas de investimento em TICs, adaptação de políticas comerciais conforme os regimes de threshold. Os resultados indicam que políticas de investimento em infraestrutura de TICs podem efetivamente impulsionar o crescimento econômico. As contribuições científicas incluem o refinamento de modelos exploratórios, a validação empírica da relevância global das TICs e o apoio ao desenvolvimento de políticas embasadas em evidências. Apesar das contribuições, são reconhecidas limitações relacionadas ao acesso a dados completos, sugerindo futuras pesquisas para aprofundamento.

Leia o artigo de Marco Aurélio Vieira e Paulo Sergio Ceretta em https://www.scielo.br/j/ecos/a/7CcgDHsJYgjKCkgTHMKbLXK/?format=pdf&lang=pt

O presente artigo discute o processo de formação do Brasil contemporâneo nos quadros do sistema-mundo moderno através da instituição da economia de mercado como mecanismo de regulação social. Para tanto, exploram-se as formas de sociabilidade herdadas do período colonial e, então, analisam-se as tensões desestabilizadoras que envolvem o processo de homogeneização dos diferentes modos de vida através do impacto da formação do Estado brasileiro e da organização dos mercados de terra e de trabalho. Argumenta-se que o estudo da economia de subsistência é central para compreender a transição ao Brasil contemporâneo na medida em que a partir dela é possível apreender as tensões engendradas sobre e pelo Estado no processo de instituição do modo capitalista de produção da vida no Brasil.

Leia o artigo de Fábio Pádua dos Santos em https://www.scielo.br/j/ecos/a/mFTwcwDQByzNnxGjvrMbtbG/?format=pdf&lang=pt