Arquivo para categoria: Categoria: Boletim 114

Edição

Esta pesquisa tem por objetivo desenvolver uma análise crítica/reflexiva do empreendedorismo na gestão pública, a partir de duas obras centrais na produção de Alberto Guerreiro Ramos: “A redução sociológica” e “A nova ciência das organizações”. Trata-se de uma pesquisa qualitativa a partir de dados bibliográficos e documentais, entrevistas em profundidade, questionários online e observação direta. Como resultados observou-se que os desafios presentes no contexto amostral indicam que os pequenos municípios podem apresentar um terreno fértil para o desenvolvimento de práticas empreendedoras. As análises indicaram, ainda, que as principais deficiências dos órgãos municipais são a falta de capacitação de seus gestores, a falta de articulação efetiva com o ambiente federal, a falta de um ambiente que incentive a pró-atividade e a participação, a crise financeira e os comportamentos e arranjos que urgem. Uma lacuna central para o desenvolvimento de uma prática empresarial efetiva é a falta de coordenação entre União, estados e municípios, o que historicamente ocorre no país. Leia o artigo de Josiel Lopes Valadares e outros em https://www.scielo.br/j/read/a/mVdqVyjQBR8JMV9XWgNqYxv/?format=pdf&lang=en

O artigo busca situar as políticas públicas e os desafios de constituir ações estatais e estatalidades de outra natureza no contexto dos processos de neoliberalização recentes e/ou em curso na América Latina. Procura identificar os determinantes estruturais e averiguar os modos pelos quais tais processos impactam as capacidades governativas. Utilizando o estado do Rio de Janeiro como um estudo de caso situado, realiza-se um exame das implicações socioeconômicas e institucionais do processo de neoliberalização, nas circunstâncias estruturais e conjunturais da crise profunda e multidimensional pela qual passa a sociedade fluminense. São apontadas diversas restrições à execução de uma agenda inclusiva e durável de desenvolvimento no território estadual, que tem sido cada vez mais submetido às lógicas pró-mercado. Por isso, é discutida a necessidade de reconstituir, em novas bases, estatalidades portadoras de valores emancipatórios.

Leia o artigo de Fábio Lucas Pimentel de Oliveira e outros em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/pHsJBwNbfTvnThx74hptqxh/?format=pdf&lang=pt

A produção acadêmica latino-americana é analisada em relação à sua visibilidade, internacionalização e ecologia de saberes e de línguas nesse processo. Ferramentas bibliométricas foram utilizadas para formar um corpus de 2.939 estudos da base de dados Scopus entre 2010-2019, analisados em duas dimensões: a dimensão input/editorial, e a dimensão output/epistemológica, focando em três aspectos: (1) evolução por ano e país; (2) línguas e periódicos mais usados; e (3) colaborações internacionais. Os resultados da dimensão epistemológica mostraram maior colaboração com os autores do Norte Global, especialmente com a Espanha, os Estados Unidos e a Inglaterra (no caso do México e do Chile) e de Portugal (no caso do Brasil). Em relação à evolução quantitativa, observou-se um crescimento constante da produção latino-americana com o Brasil ocupando a primeira posição. O espanhol predominou como idioma de publicação, embora se observe uma tendência para o inglês no segundo quinquênio analisado, superando inclusive o português. Tomados em conjunto, os resultados do estudo sugerem que os padrões de produção acadêmica na América Latina não apresentam uma ecologia de saberes e de línguas.

Leia o artigo de Kyria Rebeca Finardi e outros em https://www.scielo.br/j/ensaio/a/JnwqwhDwVNGgWvhQSdQWHSR/?format=pdf&lang=en

Neste artigo, examinamos o processo de socialização legal de crianças e adolescentes ao longo do tempo. O objetivo consistiu em investigar a relação entre as experiências vividas em casa e na escola e a formação de noções de valores democráticos legítimos. Para tanto, utilizamos uma amostra de 800 estudantes (de 11 a 14 anos de idade) residentes na cidade de São Paulo. Os dados analisados envolveram variáveis de comportamento como quebra de regras, percepção das leis, crença na justiça e cinismo legal. As análises estatísticas apresentadas mostram que a justiça procedimental se constitui como principal mecanismo gerador de legitimidade das autoridades. Concluímos que socializar as crianças a fim de obedecer à legitimidade das leis resulta em instrumento de educação para a democracia.

Leia o artigo de Herbert Rodrigues e Justin Medina em https://www.scielo.br/j/cp/a/rsD4h7qR6WRrzK9FJZcW7WN/?format=pdf&lang=pt

Diversos pesquisadores têm buscado compreender o que leva os indivíduos a cumprirem as Políticas de Segurança da Informação – PSIs instituídas pelas organizações. Uma dessas correntes defende que a cultura representa um importante fator, destacando-se a presença de estudos envolvendo cultura organizacional em detrimento da cultura nacional. Dadas as especificidades culturais do país, estudar a relação entre seus aspectos culturais e o cumprimento das PSIs pode trazer insights sobre a gestão da segurança da informação nas organizações brasileiras. Assim, objetivou-se neste estudo analisar como a cultura de segurança da informação influencia os indivíduos no cumprimento das políticas de segurança da informação e na diminuição da ocorrência de falhas de segurança associadas ao “jeitinho brasileiro”. O estudo caracteriza-se como uma pesquisa survey aplicada a 196 funcionários de diferentes organizações brasileiras. Os resultados indicaram que a consciência de segurança da informação influencia positivamente o comportamento planejado dos indivíduos e negativamente o “jeitinho”, sendo que ambos influenciam o cumprimento das normas de segurança da informação estabelecidas pela organização. Identificou-se, ainda, uma forte relação entre o cumprimento das normas e a diminuição de falhas de segurança associadas ao “jeitinho brasileiro”.

Leia o artigo de Jonas Rafael Silveira e outros em https://www.scielo.br/j/read/a/mXzJBPHSXLkxTFPBVGMhkqs/?format=pdf&lang=pt

O presente trabalho tem como objetivo revisitar e sistematizar os conceitos de Desenvolvimento Econômico e o de Desenvolvimentismo. A hipótese levantada pela pesquisa é a de que em razão da processualidade histórico-social das Ciências Econômicas, os termos Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimentismo podem ser categorizados de forma distinta por opção epistemológica e didática na atualidade. O artigo optou por realizar um estudo bibliográfico. Os procedimentos metodológicos para selecionar as referências foram pesquisa bibliográfica focada nos autores com análise histórica, concreta e indutiva da economia e do fenômeno de desenvolvimento econômico. Os resultados obtidos são de que os termos Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimentismo podem ser categorizados de forma distinta, o primeiro como conceito empregado por diversas escolas do pensamento econômico; o segundo é uma Escola de Pensamento Econômico em si e que possui quatro correntes teóricas (Desenvolvimentismo Clássico, Social Desenvolvimentismo, Novo Desenvolvimentismo, Desenvolvimentismo Socialista de Mercado).

Leia o artigo de Isaías Albertin de Moraes em https://www.scielo.br/j/rep/a/bhSCgt3mWh6MGt994WMVFLQ/?format=pdf&lang=pt

A notícia do recorde de desmatamento no Cerrado no primeiro quadrimestre deste ano pode parecer apenas mais um capítulo da emergência ambiental que vivemos, aqui e no restante do planeta. A dimensão da destruição, no entanto, é alarmante: 2.206 km², o equivalente a aproximadamente duas vezes o tamanho de Belém (PA). O Cerrado é responsável pela água de quase 70% das bacias hidrográficas do Brasil. Estamos falando da savana mais rica do planeta, que ocupa 23% do país, abriga 5% da biodiversidade de todo o mundo e possui mais espécies de plantas com flores do que a própria Amazônia. Nesse sentido, tão importante quanto os esforços empreendidos para combater o desmatamento na Amazônia, uma ação efetiva para a conservação e a recuperação do Cerrado é fundamental e urgente. Esses dois biomas estão no centro dos esforços necessários para o cumprimento das metas globais de conservação e restauração de ecossistemas, acordadas por quase 200 países na Conferência da Biodiversidade da ONU (COP-15), em dezembro de 2022. Leia o artigo de Bruna Pavani e outros em https://diplomatique.org.br/o-brasil-precisa-olhar-para-a-conservacao-ambiental-no-cerrado/

No Brasil, país marcado pelas desigualdades, os marcos legais orientam instrumentos de ordenamento territorial como os Planos Diretores Municipais a impulsionar o desenvolvimento urbano segundo princípios de participação democrática e respeito à função social da cidade e da propriedade, visando promover a equidade socioespacial. O objetivo desta pesquisa é verificar se o processo de elaboração e as propostas do novo Plano Diretor do Recife (PDR-2020) atendem a esses princípios, efetivando o direito à moradia, dimensão fundamental do direito à cidade. Numa abordagem fundada no método dialético, acompanharam-se as atividades das instâncias institucionais de planejamento-gestão e identificaram-se conflitos na disputa entre interesses díspares, representativos das visões democrática e mercadológica da cidade. Com base na disputa entre tais interesses e na revisão dos quadros conceitual e normativo, analisa-se o atendimento aos princípios em tela e a natureza (redistributiva e/ou democratizante) dos instrumentos estabelecidos no Projeto de Lei do Executivo nº 28/2018, referente ao PDR-2020 recentemente aprovado. Os resultados alcançados evidenciam conflitos e contradições na condução dos debates e na aplicação dos instrumentos. A pesquisa traz contribuições à compreensão das assimetrias no atendimento a interesses de atores hegemônicos e não-hegemônicos e seu impacto no alcance do direito à moradia e do direito à cidade.

Leia o artigo de Danielle de Melo Rocha e outros em https://www.scielo.br/j/rdc/a/ywv7y7yZYsDxB9cB4LtN5jy/?format=pdf&lang=pt

O objetivo deste artigo é mapear os principais atores que buscam exercer influência na arena regulatória da política urbana paulistana e identificar suas convergências ou não com princípios de transformação urbana sustentável, conforme preceitos de uma cidade compacta, de baixa emissão de carbono, que visa a reduzir desigualdades socioterritoriais e promover qualificação ambiental. Elegeu-se como arena de análise duas tentativas de alteração extemporânea da lei de zoneamento, ocorridas em 2018 e 2019. Entre os principais atores e interesses em disputa nessa arena, identificaram-se incorporadoras imobiliárias (aumento da margem de lucro), associações de bairro presentes no centro expandido da cidade (proteção das características da localidade) e movimentos sociais por moradia (habitação digna acessível). Nesse contexto, o artigo discute as principais pressões para alterações do pacto sociopolítico definido pelo Plano Diretor de São Paulo de 2014. Leia o artigo de Adalberto Gregório Back e outros em https://www.scielo.br/j/rbeur/a/9Ff7cHmGKWj6wLmJXKSxGVh/?format=pdf&lang=pt

Enquanto parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) participam no Brasil de um cabo de guerra sobre quais são as funções e os limites do poder Legislativo e a mais alta corte do Judiciário, outros países estão testemunhando também esse tenso “jogo” entre poderes. México, El Salvador, Mali e Polônia são alguns dos países em que essa tensão emergiu nos últimos anos em menor ou maior medida — desde projetos partindo do Executivo ou do Legislativo para limitar as decisões de supremas cortes ou cortes constitucionais até ações que efetivamente tiraram juízes de seus mandatos e mudaram a composição dos tribunais. Há também o caso de Israel, onde, até a véspera dos ataques do grupo palestino Hamas em 7 de outubro e a decorrente retaliação israelense, uma reforma no Judiciário proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava causando uma ebulição doméstica. O pesquisador americano Tom Ginsburg, professor da Universidade de Chicago, tem como trabalho acompanhar a situação do Judiciário ao redor do planeta: ele é especializado em direito internacional e é codiretor do projeto Comparative Constitutions, dedicado a reunir informações das constituições pelo mundo. Quando perguntado se as altas cortes estão atualmente mais vulneráveis à pressão política, Ginsburg responde: “Acho que sim. E é uma tendência ruim”. Leia o artigo de Mariana Alvim em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cq5lqpq08z5o