Arquivo para categoria: Category: Boletim 109

Edição

O artigo discute o início do neoliberalismo no Brasil a partir dos ajustes promovidos sobre as empresas estatais do país pela Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST) no começo dos anos 1980. As políticas da SEST promoveram o neoliberalismo no Brasil antes mesmo dos ajustes propostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) a partir de 1983 e muito anteriormente às propostas do Consenso de Washington e à política econômica implementada a partir dos anos 1990, como costuma ser datado pela literatura econômica o marco do neoliberalismo no país.

Leia o artigo de Carlos Henrique Lopes Rodrigues em https://www.economia.unicamp.br/images/arquivos/artigos/ES/76/01_Rodrigues.pdf

A gestão da política monetária brasileira é marcada pelo conservadorismo desde a década de 1990. No primeiro governo de Dilma Rousseff, o Banco Central reduziu a taxa de juros a seu então piso histórico, parecendo romper com este padrão. Entretanto, de 2013 em diante, as diretrizes de política foram revistas, com a restauração de um conservadorismo ainda mais agudo. Este artigo descreve o comportamento da política monetária no Brasil entre 2011 e 2016, apresentando seus condicionantes ao longo do tempo. Analisa-se de que forma o arcabouço de metas para inflação respondeu às pressões sob a ótica da economia política e como a convenção em prol de elevadas taxas de juros se reafirmou após 2013. Argumenta-se que o comportamento rentista de empresas não-financeiras e a inação do governo em modificar a institucionalidade do referido regime sustentaram este comportamento da política monetária brasileira.

Leia o artigo de Norberto Montani Martins em https://www.economia.unicamp.br/images/arquivos/artigos/ES/74/02_MARTINS.pdf

Este artigo analisa a evolução do sistema de livre provimento de cargos da burocracia pública brasileira. Por um lado, a literatura sobre ocupação de cargos na burocracia associa a alocação dos postos ao presidencialismo de coalizão. Por outro, essa literatura também aponta iniciativas de profissionalização da burocracia e de fortalecimento das carreiras estatais. Nesse contexto, os dilemas presidenciais consistem na escolha entre buscar o apoio da coalizão mediante a nomeação de correligionários e controlar as políticas nomeando indivíduos alinhados às suas preferências. Neste artigo, teorias sobre mudança institucional são o principal marco teórico ao analisar a evolução das regras de nomeações a cargos públicos e seus impactos em características relacionadas aos perfis dos nomeados. Mediante estudo de caso sobre o Brasil, verifica-se a congruência entre as previsões teóricas e as evidências empíricas quanto à relação entre instituições e distribuição de cargos. A metodologia compreende revisão bibliográfica, análise documental e estatística descritiva. A pesquisa documental concentrou-se nas regras referentes a órgãos de controle da presidência da República e percentuais obrigatórios destinados a servidores de carreira. Os resultados mostram que as normas não são efetivas, uma vez que não foram cumpridas pelos órgãos da administração pública federal. Ademais, a quantidade de servidores de carreira ocupando cargos públicos já era alta antes do estabelecimento de percentuais obrigatórios. Já o papel dos órgãos de controle oscilou entre os diferentes mandatos. Apesar da centralização do poder presidencial, há evidências de que os dirigentes públicos detêm certa margem de liberdade na formação de suas equipes e que requisitos estabelecidos por lei foram descumpridos. Dessa forma, as conclusões reforçam a necessidade de incluir instituições informais nas próximas análises. Além de promover uma descrição contextual da realidade brasileira, este artigo contribui ao teste e à construção de teorias sobre a relação entre instituições e distribuição de cargos públicos.

Leia o artigo de Nayara F. Macedo de Medeiros Albrecht em https://www.scielo.br/j/op/a/hDk7cbKd9xzkZPfnYJmNqQw/?format=pdf&lang=pt

Apesar das críticas decoloniais e afrodiaspóricas no campo dos estudos em gestão e organizações, o ensino nas escolas de administração, de modo geral, ainda apresenta as teorias administrativas de forma acrítica e a-histórica, desconsiderando os resquícios da escravidão negra e da sua lógica nas práticas administrativas. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo geral desenvolver a hipótese de que, ideologicamente, a teoria científica foi concebida em uma base racista de organização do trabalho. Em termos metodológicos, foram realizadas pesquisas documentais nas obras de Frederick Winslow Taylor, contrapondo-as ao contexto histórico marcado por elementos eugênicos que atravessavam a sua visão de mundo, aparentemente silenciados em suas obras. Por conseguinte, concluímos que a teoria taylorista, justificada na semântica de limitações inatas à natureza humana, vai intensificar as formas de exploração dos trabalhadores, sobretudo os negros, refletindo, como suposição, a reprodução do racismo no âmbito da gestão das organizações.

Leia o artigo de Geruza de Fátima Tomé Sabino e Daniel Calbino Pinheiro em https://periodicos.fgv.br/cadernosebape/article/view/88732/83407

O objetivo principal do estudo foi verificar se a orientação de pesquisa científica sobre o tema liderança aproxima-se de uma abordagem tradicional ou contemporânea, quando analisadas as principais bases de dados de publicações sobre o tema, entre 2014 e 2021, nas línguas inglesa e portuguesa. Inicialmente, uma abordagem qualitativa foi realizada, por meio de um Focus Group com especialistas sobre liderança. Posteriormente, seguiu-se uma abordagem quantitativa, por meio de pesquisas bibliométricas, nas quais os 28 descritores definidos foram investigados em bases prestigiosas e não prestigiosas. A contribuição teórica foi apresentar uma lista atualizada de descritores que poderá ser utilizada para novas investigações sobre o tema liderança. As contribuições práticas foram a qualificação das bases de dados analisadas, em inglês e em português, e as tendências de comportamento do tema liderança. As principais conclusões foram: i) a constatação da baixa produção científica e necessidade de mais publicações prestigiosas em português sobre os temas liderança e gestão; ii) o reconhecimento de que o modelo mental tradicional do século XX é massivamente disseminado em comunicações explícitas em inglês, quando comparado ao modelo mental contemporâneo, com um comportamento inverso em português. Este fenômeno tem aumentado ao longo dos últimos anos, contrariando as expectativas da pesquisa.

Leia o artigo de Marcello Vinicius Doria Calvosa e Marcos Ferreira em https://www.scielo.br/j/read/a/RPZQkSQWxpbs7VnR65ZbvxF/?format=pdf&lang=pt

This study aimed to analyze the effects of the diagnostic and interactive use of the performance measurement system (PMS) on organizational learning and improvisational and compositional creativity, considering the moderating effects of competitive intensity. A survey was carried out with education technology startups (EdTechs) of the Brazilian ecosystem, and the data were analyzed with structural equation modeling. The findings suggest a positive association of the use (diagnostic and interactive) of the PMS with organizational learning and of the latter with creativity (improvisational and compositional). Organizational learning mediates the relationship between PMS use and compositional creativity. In addition, the competitive intensity positively moderates the relationship between organizational learning and creativity (improvisational and compositional). The study aggregates new evidence of PMS use relative to organizational learning, extends the discussion on organizational learning to different levels of novelty in creativity (improvisational and compositional), and contributes to a flow of studies exploring the moderating role of competitive intensity. Subsidies for startup managers to conduct their activities in search of organizational learning and employee creativity are also presented.

Leia o artigo de Anderson Betti Frare e outros em https://www.scielo.br/j/bar/a/CWSByDbgVSZjRpzW69Wbdcq/?format=pdf&lang=en

O movimento da ciência aberta alcançou a pesquisa e a educação em gestão. Em todo o mundo, os acadêmicos de gestão discutem, pesquisam e avaliam formas de tornar as suas práticas de trabalho menos “fechadas” e mais “abertas”. Entretanto, de que forma, exatamente, essas novas práticas de trabalho mudam o conhecimento e o ensino em gestão depende, em grande medida, da interpretação filosófica que os profissionais fazem de ‘abertura’. Atualmente, a abertura na pesquisa e na educação em gestão é interpretada principalmente como uma característica da entrada ou saída do trabalho de conhecimento. Essas interpretações concebem a pesquisa e a educação como entidades relativamente estáveis, que podem ser abertas em alguns pontos claramente definidos. O nosso estudo tem por objetivo superar essa concepção e propor uma interpretação nova e mais radical de abertura. Propomos reconsiderar a abertura por meio da abordagem processual do Pragmatismo americano e, assim, em um sentido que dispense a exigência da predisposição da pesquisa e da educação como entidades estáveis. Por meio desta interpretação de abertura, a pesquisa e a educação em gestão podem ser transformadas em um movimento democrático coprodutivo, que pode trazer conhecimentos comuns entrelaçados com os verdadeiros problemas societais e de gestão. Para oferecer uma primeira descrição da abertura como um processo que pode transformar a pesquisa e a educação em gestão, analisamos o material etnográfico a partir de dois tipos de experimentos pragmáticos, facilitados pelo primeiro autor entre 2016 e 2021. Identificamos três dimensões-chave no processo de abertura da pesquisa e da educação: ludicidade, ambiguidade e desterritorialização. O nosso estudo avança os debates sobre a questão de como a pesquisa em gestão pode ser mais imediatamente útil para abordar as preocupações dos profissionais e estudantes de gestão.

Leia o artigo de François-Xavier de Vaujany e Maximilian Heimstädt em https://www.scielo.br/j/osoc/a/RyBP5QV3w3tm3LyKggYKRXR/?format=pdf&lang=pt

O objetivo deste artigo é contribuir para a identificação de um entrave teórico e empírico que a tese da mútua constituição enfrenta. O entrave diz respeito à dificuldade de desenvolver conhecimentos sobre políticas públicas, em comparação com os avanços na compreensão dos movimentos sociais.

Leia o artigo de Marcos Luiz Vieira Soares Filho em https://www.scielo.br/j/nec/a/tv5v7ZgnF46knKzkB4HYxyQ/?format=pdf&lang=pt

As práticas de conservação ambiental cada vez mais estão sendo requisitadas pela sociedade para solucionar as crises de eventos climáticos extremos e da perda contínua da biodiversidade. Entretanto um dos maiores desafios no processo de priorização de áreas protegidas que atendam as metas de conservação é a inclusão e a espacialização dos custos monetários na função-objetivo do planejamento para aquisição de áreas que melhor refletem o processo de tomada de decisão no território. Nós apresentamos neste manuscrito os custos monetários de aquisição do direito da propriedade de uma parcela de terra e os custos de oportunidade das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Nossa abordagem deriva dos procedimentos metodológicos da análise espacial e do sensoriamento remoto, para sistematizar e associar as informações tabulares das instituições de assistência e economia rural com elementos naturais adquiridos através do mapeamento temático do uso e cobertura da terra. Deste modo, utilizamos a integração da matriz geoespacial monetária com objetos exatos derivados do sensor multiespectral Operation Land Imager (OLI) acoplado no satélite Landsat 8. No geral, identificamos que os custos monetários da ação de conservação na área de estudo apresentam valores inversos e que os incluir na função-objetivo do planejamento pode priorizar áreas protegidas com menor conflito pelo uso da terra em relação as diversas atividades econômicas no território.

Leia o artigo de Ulises Rodrigo Magdalena e outros em https://www.scielo.br/j/mercator/a/ShwYkgWSDbWzpSJxGN6mYqj/?format=pdf&lang=en