O artigo apresenta uma leitura crítica da terceira onda de estudos sobre clientelismo na América Latina produzidos na Ciência Política a partir dos anos 2000. Por meio de um diálogo com os autores e trabalhos mais influentes, o objetivo é mostrar que apesar de importantes avanços, esta literatura ainda enfrenta dificuldades no que se refere à definição do clientelismo. O argumento central é o de que essas dificuldades se devem à adoção de suposições universais e rígidas sobre o comportamento de políticos e eleitores e ao forte tom normativo das análises, quase sempre baseadas em premissas sobre como a democracia deve funcionar e sobre como o clientelismo distorce esse ideal. Para demonstrar o argumento, o conceito de clientelismo foi desagregado em quatro aspectos centrais: o objeto das trocas, os participantes, o método utilizado e a temporalidade. A análise dessas dimensões é articulada com a literatura sobre formação de conceitos, especialmente com os critérios de diferenciação, profundidade, coerência interna e utilidade teórica. O artigo conclui propondo caminhos para a superação dos problemas apontados, entre eles, a reavaliação das premissas que informam as análises, a valorização da descrição e o investimento em desenhos de pesquisa multimétodos.
Leia o artigo de Marta Mendes da Rocha em https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/TbwSYpfKT78V7MYH4M3hRfj/?format=pdf&lang=en