O artigo investiga as relações entre a gestão da opinião nas redes sociais e as artimanhas do populismo de ultradireita bolsonarista no Brasil. O ethos genealógico direcionou a pesquisa empírica em torno dos sentidos da palavra liberdade tais como encontrados nas postagens do Twitter ao longo do dia 7 de Setembro de 2021, data de uma ruidosa manifestação — de cunho golpista — de apoio ao governo. Com base na análise dos dados produzidos pela técnica web scraping, identificamos uma importante tática bolsonarista: a produção de duplos de palavras atreladas tradicionalmente ao léxico democrático. Mais do que esvaziar o sentido de tais palavras, tal estratégia permite assombrá-las, inoculando estranhamento em seus sentidos previamente cristalizados. Como efeito, insinua-se uma deliberada produção de instabilidade e de insegurança, necessária à manipulação dos afetos tristes como vetor de uma biopolítica da população.
Leia o artigo de Maria Cristina Franco Ferraz e Ericson Saint Clair em https://www.scielo.br/j/gal/a/9ZK7rZFPLDQrkr78zg7cMsw/?format=pdf&lang=pt