Diferentemente dos meios de comunicação, que sempre tiveram um papel editorial ativo e foram debatidos publicamente, até muito recentemente as plataformas digitais se aproveitavam de um conveniente jogo na forma de se apresentar socialmente. Por um lado, elas se colocavam como neutras, fornecedoras de infraestrutura, baseando-se na ideia original de plataforma como uma superfície plana sobre a qual diferentes coisas podem ser construídas. Por outro lado, as plataformas também se apresentavam como guardiãs do bom funcionamento do mundo digital, desenvolvedoras de políticas para suas comunidades e defensoras da chamada autorregulamentação, que seria um dos pilares do funcionamento de seus negócios. O anúncio feito no último dia 7 de janeiro por Mark Zuckerberg, CEO da Meta, empresa responsável por redes digitais como Facebook, Instagram e WhatsApp, mostra que estamos entrando em uma nova era de posicionamento das Big Techs como atores explicitamente políticos. Ao anunciar a aliança com o governo Trump contra intentos regulatórios, o fim de parcerias com checadores de fatos e a adoção de uma visão de liberdade de expressão, Zuckerberg deixa claro que seu interesse não está apenas em gerenciar suas plataformas, mas em fazer com que essa gestão impacte o cenário político mundial. O CEO da Meta não está sozinho nesse movimento. Muito antes dele, o bilionário Elon Musk, dono da rede X (antigo Twitter), já havia assumido esse papel de ator político ativo, influenciando, inclusive, pleitos eleitorais nos EUA e em outros países.
Leia o artigo de Nina Santos em https://diplomatique.org.br/a-nova-face-das-big-techs-elas-sairam-das-coxias-e-subiram-no-palco-politico-global/