Este artigo objetiva apresentar uma narração dos Estudos Críticos em Políticas Públicas (Critical Policy Studies) como uma escola de pensamento que se constrói, reflexivamente, dentro do próprio campo de estudos em políticas públicas, consolidando-o e pluralizando-o. Esta abordagem, embora pouco conhecida no Brasil, representa cada vez mais um caminho alternativo e consistente de estudos, que se distingue pela assunção da centralidade da linguagem como principal dimensão de análise nos processos de políticas públicas; pela escolha da interpretação como método; tendo os argumentos como principal material de pesquisa e o pós-positivismo como propósito. Em cinco seções, narramos a conformação dos Critical Policy Studies passando, sobretudo, pelas abordagens interpretativista e argumentativa, buscando estabelecer diálogos férteis com analistas, burocratas, gestores e pesquisadores deste campo de estudos. Bem como com todos aqueles interessados em enfrentar os desafios da produção de outras narrativas e do desenvolvimento de novos processos de investigação e de ensino, com o objetivo de tornar os estudos em políticas públicas mais diversos e mais condizentes com a realidade brasileira. Concluímos que, paradoxalmente, a pluralidade – disciplinar, epistemológica, metodológica, teórica e temática – que caracteriza o desenvolvimento do campo de estudos em políticas públicas, no Brasil, ainda não se traduz, necessariamente, em políticas públicas mais participativas, inclusivas e democráticas. Nesse sentido, acreditamos que o esforço de contribuir para a introdução desta literatura no campo brasileiro não apenas pressupõe a adoção de uma postura de pesquisa crítico-reflexiva, como também representa um primeiro passo em direção à adoção de práticas mais democratizantes no campo das políticas públicas.
Leia o artigo de Rosana de Freitas Boullosa e outros em https://www.scielo.br/j/osoc/a/ZztJR8csHT7B7LKc8VwZ3Ts/?format=pdf&lang=pt