Federalismo

Este artigo analisa a atuação do Banco Mundial no Brasil de 1990 a 2020. Para tanto, realiza uma avaliação da carteira de empréstimos, a fim de mapear para quais finalidades o financiamento foi destinado, mensurar o peso dos entes federativos como mutuários, entender as razões que levaram o Banco a emprestar cada vez mais para esferas subnacionais e, por fim, identificar os governos que mais tomaram empréstimos e relacioná-los aos partidos políticos no poder. O artigo também discute as formas de atuação do Banco, argumentando que os empréstimos têm baixo peso na economia brasileira, mas funcionam como veículos para difundir ideias, normas e práticas sobre o que os governos devem fazer, e como, em matéria de políticas públicas. O trabalho mostra o alto peso relativo dos empréstimos de ajuste e evidencia que os partidos do centro à direita, quando no governo, tenderam a recorrer mais a empréstimos desse tipo do que partidos à esquerda.

Leia o artigo de João Márcio Mendes Pereira em https://www.scielo.br/j/ln/a/FzhntQPFKzC5WqBXrxtvd5w/?format=pdf&lang=pt

A Constituição de 1988 trouxe inúmeras inovações sobre políticas públicas. Uma delas foi a definição de um leque de competências compartilhadas entre as três esferas de governo. Dessas competências, algumas dependem da adesão voluntária dos estados. Este é o caso dos sistemas de políticas aqui denominados de normatizados. O artigo analisa por que os estados aderem a esses sistemas, quais os incentivos para a cooperação e quais os instrumentos de indução do governo federal para o enforcement das políticas. O artigo apresenta contribuições teóricas e empíricas. A teórica é o apoio nas teorias que enfatizam o papel das regras, dos incentivos e do desenho da política para a implementação de políticas em países federais. A empírica é a montagem de um banco de dados com cerca de 30 mil ocorrências, que correspondem ao número de convênios firmados entre o governo federal e os estados e que mostram o funcionamento desses sistemas – segurança pública, cultura, turismo e habitação, no período 1996-2014. O artigo conclui que a despeito do ativismo regulador do governo federal, a adesão dos estados é condicionada por suas capacidades e que os entraves dos sistemas não foram objeto de avaliação sistemática. Leia o artigo de Celina Souza em https://www.scielo.br/j/ccrh/a/pb4bwF9G65c5P8QshdHsr4g/?format=pdf&lang=pt

A sociedade brasileira experimenta um novo ciclo histórico desafiador, deflagrado ainda na segunda metade da década passada, cuja característica mais relevante é a retomada da agenda de reformas neoliberais dos anos 1990 em bases ainda mais amplas e sistêmicas, conformando o que tem sido denominado inflexão ultraliberal – conceito que faz referência ao sentido do processo (inflexão) e, ao mesmo tempo, ao seu conteúdo (ultraliberal). O objetivo deste estudo é refletir sobre algumas das implicações dessas transformações para o regime federativo do país. O argumento principal é que a inflexão ultraliberal, a partir de 2015, tem alterado elementos-chave do sistema federal brasileiro, engendrando, com isso, uma nova dinâmica federativa, bastante distinta daquela que prevaleceu desde a Constituição Federal (CF) de 1988.

Leia o artigo de Aristides Monteiro Neto e Danilo Jorge Vieira em https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/12414/1/TD_2932_web.pdf

O texto tem o objetivo de discutir as características gerais e a dinâmica do federalismo alemão. A análise parte de breve reconstituição histórica, desde a construção do império alemão até o delinear das regras modernas na Constituição de 1949. Os tópicos seguintes discutem os elementos fundamentais do modelo: a distribuição das atribuições entre as esferas de governo, o processo legislativo e o papel do Bundesrat, a repartição da receita tributária, o programa de equalização fiscal e o caráter cooperativo das relações intergovernamentais. O estudo destaca o padrão de decisões conjuntas (joint decision-making) e a determinação constitucional de garantir padrões de vida semelhante aos cidadãos em todo o território como pilares fundamentais, responsáveis por configurar e dar o movimento do federalismo alemão.

Leia o artigo de Francisco Luiz C. Lopreato em https://www.economia.unicamp.br/images/arquivos/artigos/TD/TD440.pdf

O tema da alimentação escolar, estruturado em torno do Programa Nacional de Alimentação Escolar, presente em todos os municípios, defronta-se amplamente com uma série de desafios de implementação. Este estudo propôs-se a levantar diferentes respostas administrativas, políticas e institucionais adotadas, no âmbito da aplicação local dos recursos federais transferidos para promover a compra de alimentos advindos da agricultura familiar, por efeito da Lei nº 11.947/2009. Para tanto, foram escolhidos dois municípios do estado de Minas Gerais que, embora possuam características geográficas similares, registram desempenhos discrepantes no atendimento dessa nova regra. Os casos analisados expressam um conjunto de métodos orientados à compreensão das dinâmicas que cercam o Estado em ação, demonstrando aspectos concretos sobre desafios e potenciais associados à inserção desse público em mercados institucionais.

Leia o artigo de Sandro Pereira Silva e outros em https://periodicos.fgv.br/cgpc/article/view/85275/83513

O objetivo deste artigo é analisar a realização de transferências fundo a fundo e avaliar se ela tem contribuído para a coordenação e cooperação federativa de políticas voltadas à segurança pública no Brasil. Para tanto, o trabalho foi dividido em três etapas: (i) levantamento dos valores do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), destinados aos estados e ao Distrito Federal, no período de 2000 a 2022, antes e depois da adoção das transferências fundo a fundo; (ii) realização de entrevistas semiestruturadas para levantar as percepções dos gestores responsáveis pela elaboração e coordenação do processo de descentralização e pelo acompanhamento da execução dos recursos descentralizados; e (iii) análise dos mecanismos de coordenação/cooperação previstos nos planos de aplicação elaborados pelos estados no período supracitado. Os achados da pesquisa confirmam resultados de estudos anteriores sobre o poder de indução das transferências fundo a fundo na cooperação e coordenação de políticas nacionais, também para a área de segurança pública. Verificou-se que a ampliação de recursos e a obrigatoriedade de seu compartilhamento com os estados favoreceram o alinhamento das políticas estaduais às diretrizes estabelecidas pela União, mas que ainda é incipiente a interação entre os órgãos, organizações e membros da sociedade em relação ao tema.

Leia o artigo de Alisson Nava Nunes e Diana Vaz de Lima em https://www.scielo.br/j/rap/a/8BpJtQgmMB9pXjx6SKz5kNQ/?format=pdf&lang=pt

Grande parte dos trabalhos acadêmicos sobre o federalismo brasileiro há muito se concentra nas maneiras através das quais a descentralização produziu certa paralisia institucional diante de conflitos intergovernamentais. Este artigo, ao contrário, sugere que o Brasil está passando por uma transformação gradual desde sua democratização, o que levou a uma recentralização do poder nas mãos do governo federal. Apresenta-se uma estrutura que explica como um processo inicial de descentralização (1983-1994) se transformou em um processo de centralização (1995-2007) que, em última instância, aumentou os poderes regulatórios e de coordenação do governo federal brasileiro. Além disso, a análise mostra que dois blocos principais de partidos políticos competiram para influenciar a sequência e a velocidade de implementação da legislação relacionada aos processos de descentralização e centralização. Especificamente, esses partidos usaram duas estratégias temporais concorrentes – segurar o fluxo (foot-dragging) e definir o ritmo (pace-setting) – para desacelerar ou acelerar a aprovação da legislação que regulamentaria a autonomia subnacional. Depois que o bloco centralizador de partidos promulgou legislação centralizadara, utilizou a estratégia de construção de cercas (fence-building), a fim de institucionalizar as relações intergovernamentais, consolidando assim os poderes de coordenação do centro. A principal contribuição deste artigo é avançar uma abordagem temporal das mudanças federais, explicando como o governo federal brasileiro centralizou a autoridade sob a égide de uma Constituição descentralizadora.

Leia o artigo de Helder Ferreira do Vale em https://www.scielo.br/j/dados/a/gm8rYbTtYkHBLSwZvDtNnxj/?format=pdf&lang=en

Este artigo oferece uma teoria para explicar como partidos políticos influem nos investimentos discricionários de ministérios no Brasil. (mais…)

Os objetivos do artigo são comparar o arranjo institucional da política de saúde de Argentina e Brasil, com foco nos arranjos federativos, e os resultados da política em relação à universalização e à igualdade entre níveis de governo. (mais…)

O objetivo deste artigo é compreender de que modo opera a dinâmica de cooperação intermunicipal no Brasil e de que forma os consórcios se inserem na estrutura da regionalização da saúde. (mais…)