Leonardo

A partir de diálogo com ampla literatura sobre industrialização em países tardios, o artigo testa a hipótese geral de que a presença de uma elite disposta a perseguir o objetivo da industrialização e capaz de forjar coalizões políticas que a sustentem é condição necessária para a promoção do desenvolvimento industrial em países tardios. Há duas hipóteses correlatas: a) a presença daquela elite está intimamente vinculada à construção de instituições eficientes para a promoção da industrialização, b) o tipo de Estado criado depende do tipo de elite em questão e a combinação entre tipo de elite e tipo de Estado gera rotas distintas de transição para sociedades industrializadas. Ao fim, as hipóteses são testadas mediante uma análise fuzzyset com treze casos: três negativos (Zaire, Nigéria e Filipinas), cinco intermediários (Índia, Chile, Argentina, México e Brasil) e cinco positivos (Suécia, Noruega, Coreia, Taiwan e Japão). Os resultados confirmam as hipóteses de pesquisa.

Leia o artigo de Renato Perissinotto e Wellington Nunes em https://www.scielo.br/j/dados/a/PJ3Jqq7VXVTnJHYBwDxjCDd/?format=pdf&lang=pt

Mudanças nas políticas de desenvolvimento e na inserção externa do país são analisadas. Partindo da crise dos anos 1980 e do primeiro ciclo neoliberal, seu fracasso e a mudança de trajetória na gestão do Partido dos Trabalhadores, o trabalho prossegue discutindo o “neodesenvolvimentismo” petista, sua política econômica e tentativa de mudar a modalidade de adesão do país ao regime internacional. A crise iniciada em 2014 e que culminou no golpe de 2016 e no retorno do neoliberalismo vêm na sequência. Também fazem parte da análise o papel dos interesses de classe e a correlação de forças sociais em transformação na definição das escolhas entre “neodesenvolvimentismo” e neoliberalismo.

Leia o artigo de Luiz Augusto E. Faria em https://www.scielo.br/j/rep/a/xKwjwbrHZSSYjS5YJY8XJWm/?format=pdf&lang=pt

O principal objetivo do presente trabalho, que adota uma perspectiva de economia política, é contribuir para um debate sobre trajetórias alternativas para os bancos centrais e para a política monetária no século XXI. A urgência de lidar com a instabilidade financeira, a inflação, as desigualdades crescentes e com as questões ambientais aponta para a necessidade de reconfigurar o papel dos bancos centrais e das instituições monetárias, para que possam atuar de forma mais abrangente. Se, por um lado, é fato que o conjunto de reformas que são necessárias para assegurar a sustentabilidade de nossa sociedade excede o escopo de atuação dos bancos centrais, por outro é crucial reconhecer que os bancos centrais possuem um poder muito significativo, que deve ser exercido em prol da sociedade. Consequentemente, sem a adoção de uma abordagem mais adequada em relação à moeda e sua governança, existe um risco considerável de que políticas cruciais para enfrentar questões prementes possam permanecer sem implementação.

Leia o artigo de Simone Deos e Fernanda Ultremare em https://www.economia.unicamp.br/images/arquivos/artigos/TD/TD471.pdf

A partir da utilização do método biográfico, este estudo teve por objetivo analisar a origem social, a trajetória, as estratégias de ascensão, os recursos sociais herdados ou adquiridos e os respectivos princípios de legitimação de Luiz Simões Lopes, um dos homens de confiança de Getúlio Vargas incumbido de dirigir o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp) durante o período do Estado Novo. Seguindo a hipótese que afirma acerca da condição periférica da sociedade brasileira e, consequentemente, da inexistência de estruturas sociais em que o título profissional seja o principal critério de hierarquização de uma sociedade humana, propôs-se aqui explicitar e analisar os condicionantes sociais que levaram Luiz Simões Lopes à condição e ao reconhecimento enquanto elite dirigente responsável pela importação de modelos e princípios da administração científica norte-americana. Assim concluiu-se que, em função das bases de dominação pessoal já existentes, os novos recursos racional-formais importados foram redefinidos nas lutas políticas pelo controle do Estado brasileiro.

Leia o artigo de Daniel Ouriques Caminha em https://www.scielo.br/j/rap/a/N3dK34b8fT6hV3nttv88Yxr/?format=pdf&lang=pt

Os parques tecnológicos são considerados empreendimentos que desenvolvem organizações de atividades inovadoras. O presente artigo tem o objetivo de analisar o desenvolvimento de políticas públicas destinadas à construção de Parques Tecnológicos no Brasil. A metodologia foi utilizada através de pesquisas em bases científicas no período 2006 a 2023. Os resultados mostram que existe um crescimento de empresas que estão inseridas neste ambiente inovador, apesar dos desafios encontrados para o desenvolvimento que compreende os recursos estruturais, regionais, sociais, econômicos, geográficos e financeiros. Contudo, nota-se que estes ambientes promovem o surgimento, aperfeiçoamento e comercialização de produtos e/ou serviços inovadores.

Leia o artigo de Caueh Alex dos Santos Maciel e outros em https://www.poisson.com.br/livros/individuais/Avancos_ciencia_tecnologia_inovacao/Avancos_ciencia_tecnologia_inovacao.pdf#page=59

No passado, a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) era um análogo para a Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD) no qual três instituições centrais, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (CAD/OCDE) regulavam as práticas dos doadores e receptores. Recentemente, um cenário muito mais complexo e diversificado, caracterizado por novos atores e abordagens, está substituindo esta arquitetura. Este documento analisa as transformações no campo da CID, interpretando estes processos através de uma estrutura analítica das fontes de mudança institucional. Uma de suas principais contribuições é destacar um padrão de “equilíbrio pontuado” através de uma análise histórica teoricamente guiada, que reflete tanto períodos de estase quanto de inovação, ao invés de um processo gradual de mudança. Argumentamos que a inovação depende da insatisfação e dos choques, e que a natureza da invenção depende de uma homogeneidade de interesses entre seus atores proeminentes. Este artigo é baseado em uma agenda de pesquisa que aplica o conceito de equilíbrio pontuado da teoria social à análise dos complexos do regime internacional.

Leia o artigo de Laerte Apolinário Júnior em https://www.scielo.br/j/cint/a/ycyCBd9RB4NJsFxz67FqPgG/?format=pdf&lang=en

Este artigo apresenta o conjunto de dados do New Industrial Policy Observatory (NIPO) e documenta padrões emergentes de intervenção política durante 2023 associados ao retorno da política industrial. Os dados mostram que a onda recente de novas atividades de política industrial é impulsionada principalmente por economias avançadas e que os subsídios são o instrumento mais empregado. Restrições comerciais sobre importações e exportações são usadas com mais frequência por economias de mercado emergentes e em desenvolvimento. A competitividade estratégica é o motivo dominante que os governos dão para essas medidas, mas outros objetivos, como mudanças climáticas, resiliência e segurança nacional, estão aumentando. Em regressões exploratórias, descobrimos que as medidas implementadas estão correlacionadas com o uso anterior de medidas por outros governos no mesmo setor, apontando para a natureza de retaliação da política industrial. Além disso, fatores de economia política doméstica e condições macroeconômicas se correlacionam com o uso de medidas de política industrial. Pretendemos que o NIPO seja um recurso disponível publicamente para ajudar a monitorar a evolução e os efeitos das políticas industriais.

Leia o artigo de Simon Evenett e outros em https://www.imf.org/en/Publications/WP/Issues/2023/12/23/The-Return-of-Industrial-Policy-in-Data-542828

O objetivo do artigo é apresentar o debate sobre os desdobramentos da Indústria 4.0 no mundo do trabalho com base em relatórios de organismos multilaterais, estudos acadêmicos e projeções de empresas de consultoria acerca das transformações tecnológicas e seus impactos sobre o emprego. Primeiro, são analisadas as principais mudanças na estrutura econômica em face do avanço da “manufatura avançada”. Em seguida, são discutidos os impactos da automação sobre o trabalho, destacando o processo de destruição e criação de empregos e as novas formas de organização laboral. Fica evidente o impacto heterogêneo das inovações tecnológicas sobre o emprego, comparando países centrais e periféricos, em relação ao ritmo das mudanças, aos setores econômicos e grupos sociais mais afetados, e ao nível de qualificação dos empregos eliminados e criados. Ao final, são feitos breves apontamentos sobre as especificidades brasileiras.

Leia o artigo de Denis Maracci Gimenez e Anselmo Luís dos Santos em https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/article/view/15969/10821

O artigo visa a realizar um balanço crítico das relações econômicas entre Brasil e China nos últimos 20 anos. O texto busca sintetizar os temas e eixos destacados na literatura que tem analisado as relações econômicas bilaterais com ênfase nos temas de comércio e investimento, enfatizando a necessidade de avanços qualitativos para além do que se consolidou nas duas décadas iniciais do século XXI. Essa necessidade é decorrente do longo processo de desindustrialização pelo qual a economia brasileira vem passando, e reforçado pelo cenário complexo de transformações que vem ocorrendo na economia global depois da grande crise financeira (GCF) de 2008 e pelas mudanças nas estratégias de desenvolvimento que a própria China vem adotando desde então.

Leia o artigo de Celio Hiratuka em https://www.scielo.br/j/ecos/a/fYZQv7YX4QzqNwV8VZqtqwL/?format=pdf&lang=pt

Este artigo discute as imbricações do contexto tecnológico contemporâneo com o consumo e a comunicação publicitária no cenário brasileiro. Para isso, partimos de uma revisão teórica sobre a expansão acelerada da tecnologia digital, que, se, por um lado, trouxe, inicialmente, promessas democráticas e inclusivas, com o amplo acesso e compartilhamento de informações, por outro, ao longo do tempo, provocou efeitos nocivos, sobretudo em âmbito social, político e ideológico. O consumo insere-se nessa discussão de forma central, já que a posse e a manipulação de dados e algoritmos ocorrem por poucas e poderosas empresas privadas globais, que têm seu modelo econômico baseado na publicidade. Finalmente, apresentaremos ações mercadológicas que exemplificam a posição periférica dos consumidores-cidadãos do país neste debate.

Leia o artigo de Bruno Pompeu e Eneus Trindade em https://www.scielo.br/j/ea/a/v8xXBZB9hP3nRhzTjqrhxfQ/?format=pdf&lang=pt