Leonardo

Existem 553 bancos de desenvolvimento no mundo: 18% dessas instituições surgiram desde a crise financeira de 2008. Existe uma vasta literatura teórica sobre tais instituições, mas as evidências sobre sua eficácia são dispersas. Este artigo fornece uma revisão sistemática dos estudos de efeito causal de um dos maiores e mais representativos bancos de desenvolvimento do mundo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Analisamos 48 trabalhos acadêmicos que estimam o impacto dos empréstimos e programas de crédito do BNDES em várias dimensões de políticas. Em geral, as evidências indicam que os bancos de desenvolvimento podem ser um instrumento eficaz para aumentar o investimento, as exportações, o emprego e o PIB, principalmente quando os tomadores de empréstimo são micro, pequenas e médias empresas. A experiência brasileira também sugere que os bancos de desenvolvimento podem ser uma importante ferramenta de combate às mudanças climáticas, reduzindo o desmatamento. Por outro lado, evidências indicam que a maior dificuldade dessas instituições é gerar impactos positivos na produtividade, variável essencial para o crescimento econômico. Finalmente, as evidências são inconclusivas sobre a influência política nos empréstimos do banco de desenvolvimento.

Leia o artigo de Ricardo Barboza e outros em https://www.scielo.br/j/rep/a/hxMy6FsPF4SncsJ5tTXHpVr/?format=pdf&lang=en

Este estudo teve como objetivo analisar os determinantes do investimento privado no Brasil entre 1971 e 2019 a partir das peculiaridades das economias emergentes. Essas economias apresentam características distintas daquelas observadas nos países desenvolvidos e que constituem os axiomas que sustentam os estudos empíricos realizados usualmente sobre o tema. A incerteza do ambiente político-econômico, a baixa disponibilidade de crédito, a escassez de divisas, as políticas cambiais e a precariedade da infraestrutura são fatores que influenciam as decisões de investimento do setor privado nas economias emergentes. Portanto, devem fazer parte do estudo empírico. Os resultados da análise econométrica — a partir da metodologia dos Vetores Autorregressivos (VAR) e do Modelo de Correção de Erros (VECM) — indicam que, tanto no curto como no longo prazo, o investimento público complementou o investimento do setor privado (efeito crowding-in). Esse resultado indica que os investimentos do setor público foram canalizados para infraestrutura ou em áreas em que o setor privado não tinha interesse ou capacidade para atuar. Esse efeito é confirmado pelo resultado positivo que os investimentos em infraestrutura exercem sobre o setor privado no Brasil.

Leia o artigo de Carlos Gilbert Conte Filho e Marcelo Savino Portugal em https://www.scielo.br/j/rec/a/w47TH4dhyyj3gxYgJtbCCkR/?format=pdf&lang=en

Há 25 anos, no dia 4 de maio de 2000, era publicada a Lei Complementar 101, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Um marco para o Direito Financeiro e para as finanças públicas do país. Ao longo desses 25 anos, a Lei de Responsabilidade Fiscal cumpriu um grande papel, mantém-se como um sustentáculo da responsabilidade na gestão fiscal e tem uma longa e importante missão pela frente, especialmente em tempos de reformar que vão impactar fortemente as finanças públicas da federação, como a reforma fiscal implantada a partir da Emenda Constitucional 132/2023. Não obstante todo esse tempo decorrido, há ainda importantes lacunas não supridas. É o caso, por exemplo da instituição do Conselho de Gestão Fiscal, previsto no artigo 67, com a função de fazer o acompanhamento e avaliação da política e da operacionalidade da gestão fiscal, harmonizar e coordenar os entes da federação, disseminar práticas de qualidade no gasto público e adotar normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas, relatórios e demonstrativos. Nunca instalado, continua sendo provisoriamente substituído pela Secretaria do Tesouro Nacional pelo permissivo do artigo 50, § 2º, da LRF. Também é fundamental a modernização da Lei 4.320/1964, com mais de 60 anos de idade, e que provisoriamente cumpre as funções da lei complementar exigida pelo artigo 165, § 9º da Constituição. Uma medida que em muito ajudaria a gestão pública, dada a intensa relação de dependência entre essa norma e a LRF. Seus projetos, no entanto, ainda dormem nos escaninhos do Congresso Nacional.

Ler o artigo de José Mauricio Conti em https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-fiscal/lei-de-responsabilidade-fiscal-25-anos-de-conquistas-desafios-e-licoes

O artigo científico avalia os determinantes da gestão fiscal representada pelo cumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o cumprimento da meta do resultado primário. Para atender aos objetivos propostos, fez-se uma abordagem econométrica, na qual se utilizou a variável binária para cumprimento da meta de despesa total com pessoal e do resultado primário por parte das unidades federativas brasileiras. Para a análise dos fatores determinantes, usaram-se dados sociais e contábeis, características do gestor e uma análise de regressão múltipla para dados em painel, examinando o período de 2017 a 2022. No modelo para a despesa total com pessoal, as transferências da União para os estados e a receita tributária favorecem o não cumprimento dos limites da LRF. Por outro lado, para a meta do resultado primário, as transferências, os restos a pagar, a capacidade de pagamento, a escolaridade e a idade do gestor favorecem o cumprimento da meta.

Leia o artigo de Cristiana Aragão Marques Correia Lima e outros em https://www.scielo.br/j/rap/a/WgwKHhSLQZ5JRBXYvqckSBp/?format=pdf&lang=pt

As diversas características das dimensões culturais de um país fazem emergir comportamentos coletivos diferentes que impactam nas formas de se viver, na organização do trabalho e na economia. Este estudo investigou as correlações entre as dimensões culturais segundo Hofstede (distância do poder, individualismo-coletivismo, masculinidade-feminilidade, aversão à incerteza, orientação de longo prazo e indulgência-restrição) e os índices de complexidade econômica dos países. Realizou-se uma análise de correlação canônica para determinar a magnitude das relações entre os dois conjuntos de variáveis. Os resultados revelaram correlações significativas entre cultura e complexidade, variando conforme a renda dos países. Características culturais como menor distância do poder, maior individualismo e maior indulgência associaram-se a economias mais complexas, baseadas em inovação e pesquisa científica. Masculinidade-feminilidade e aversão à incerteza não mostraram correlação significativa. Maior orientação de longo prazo correlacionou-se a economias mais diversificadas nas exportações. Essas conclusões podem orientar políticas de desenvolvimento mais eficazes, respeitando particularidades culturais. Leia o artigo de Manuella Aparecida Felix de Lima e Antonio Fernando Crepaldi em https://www.scielo.br/j/neco/a/Fz3XhwNKc9BgzYG3JvMN4kh/?format=pdf&lang=pt

O movimento de globalização evidenciou a hegemonia dos países centrais na produção e na disseminação do conhecimento em gestão e organizações. O saber produzido nessa configuração geopolítica parte de um lócus de enunciação que tem um caráter universalizante e ignora as idiossincrasias da sociedade e da cultura brasileiras, revelando incongruências ao analisar nossas práticas e organizações, desprezando o pensamento de intelectuais e acadêmicos brasileiros. Neste ensaio teórico, defendemos que Darcy Ribeiro contribui para a reflexão sobre a questão identitária das teorias reproduzidas em estudos organizacionais no Brasil. Para isso, propomos a articulação entre o conceito de “ninguendade”, de Darcy Ribeiro, e a abordagem teórica do desprendimento, desenvolvida por Walter Mignolo, como expressão de reexistência e resposta ao imperativo de localizar historicamente o espaço e a dinâmica do estudo do campo organizacional. Como contribuição teórica, apontamos que a opção decolonial e o pensamento social brasileiro podem subsidiar um novo olhar à realidade organizacional e acadêmica no campo dos estudos organizacionais.

Leia o artigo de Fábio Moita Louredo e Sergio Wanderley em https://www.scielo.br/j/cebape/a/6hz593SxqGqcsDTXphWh9DN/?format=pdf&lang=pt

O objetivo central do artigo é analisar o processo de desmonte das políticas públicas no sistema nacional de inovação brasileiro desde meados de 2010. A pesquisa descreve como esse tipo de mudança política foi realizada e, principalmente, explica as estratégias adotadas e as principais causas. A investigação fundamenta-se teoricamente no debate sobre o desmonte das políticas, ou seja, mudanças que resultam em cortes, reduções ou mesmo extinção de orçamento, normas, capacidades e instrumentos de uma área governamental. Uma abordagem de métodos mistos, tanto quantitativos quanto qualitativos, é utilizada. Primeiramente, examina-se o processo de desmantelamento nos últimos anos, com foco nos padrões de execução orçamentária dos instrumentos da política de inovação e das agências responsáveis no nível federal. O estudo investiga as percepções dos stakeholders sobre estratégias, justificativas, reações e efeitos desse processo a partir da realização de entrevistas semiestruturadas. Os resultados empíricos são intrigantes de várias maneiras. O desmonte ocorre em ambas as dimensões: densidade (redução do número de instrumentos e programas) e, principalmente, intensidade (cortes orçamentários), variando de acordo com as áreas do governo. Os entrevistados destacaram que a estratégia predominante é de desmonte ativo, em que a austeridade fiscal agravada pela crise da COVID-19, uma virada ideológica na base de governo, particularidades políticas e a baixa priorização em inovação por parte do empresariado nacional são os fatores determinantes que afetam as preferências dos políticos pelo desmantelamento. Finalmente, o processo tem sérios efeitos adversos ao sistema nacional de inovação, como perda de capacidade burocrática e política, fuga de cérebros e defasagem em tecnologia, produtividade e, por conseguinte, desempenho econômico do país.

Leia o artigo de Pedro Luiz Costa Cavalcante em https://www.scielo.br/j/rap/a/8f5tqT4SgRzgWDGHHZ3zBvL/?format=pdf&lang=pt

Este estudo analisa como governos estaduais implementam as modalidades especiais de contratações públicas de inovação (CPIs), identificando obstáculos e práticas adotadas para superá-los. Trata-se de uma pesquisa observacional, descritiva, com desenho comparativo de corte transversal. Analisaram-se os governos estaduais e o distrital. A coleta de dados ocorreu através de análise documental da legislação e dos contratos públicos de inovação, além de entrevistas semiestruturadas. Os resultados evidenciam que as CPIs nos estados brasileiros ainda são incipientes devido à novidade do tema, à elevada percepção dos riscos associados à inovação e ao excesso de burocracia no setor público. Embora haja uma visão positiva sobre os CPIs e esforços empreendidos para implementá-los, conclui-se que ainda existem desafios a serem superados, como capacitar os agentes públicos e promover uma cultura de inovação.

Leia o artigo de Izabel Sabino de Sousa e James Batista Vieira em https://www.scielo.br/j/rbi/a/HQ4XRQMLQxRN7FnYnCSfSYk/?format=pdf&lang=pt

O presente estudo tem por objetivo analisar de forma pretérita o planejamento urbano brasileiro enfatizando os elementos e contextos sociais e econômicos do processo constitutivo do país. Neste sentido, buscará evidenciar os acontecimentos anteriores a construção da questão habitacional, entre o final do século XIX e início do século XX, com o advento da Primeira República e, sua materialização no período subsequente de 1930 a 1970. Tais eventos, inspiraram e imprimiram mudanças estruturais, culturais, políticas, econômicas e sociais significativas no país e, portanto, auxiliam, ao seu modo, o entendimento da questão urbana e habitacional, bem como, nos introduzem elementos para a compreensão desta nova (des)ordem hegemônica atual. Para dar conta desta análise, o estudo enumerará e ordenará os fatos do período, no intuito de interpretar, sob a luz da bibliografia adotada, a ocorrência dos fenômenos históricos do planejamento urbano no Brasil. Deste modo, o que ora este estudo pretende demonstrar é o encadeamento factual da questão urbana e do planejamento urbano no cenário nacional.

Leia o artigo de Lorene Monteiro Maia e Valéria Braga dos Santos em https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/slaedr/article/view/22957/21611

Qualquer pesquisa rápida no Google com a expressão “professores afastados” nos explicita a atual precariedade para a reprodução social e material dos docentes brasileiros. Podemos tomar como exemplo professores da rede estadual de São Paulo que atuaram na cidade Campinas ao longo de 2014 e 2024, onde 12,8 mil se afastaram por problemas psicológicos no período discriminado, ou os 112 docentes que se distanciaram do cotidiano escolar por dia em São Paulo] ao longo de 2022 sob a mesma razão. Ou as 2.653 licenças médicas na rede estadual de educação do Rio de Janeiro entre janeiro e julho de 2018. São inúmeros os exemplos. As causas são óbvias, sob minha ótica. Mas cabe pontuar algumas.

Leia o artigo de Rodrigo Coutinho Andrade em https://diplomatique.org.br/mal-estar-docente-12-pontos-sobre-o-pessimismo/