15/03/2025

No século XXI, a expansão das redes globais de produção tornou crucial a compreensão dos seus impactos nas estruturas produtivas dos países. Este estudo busca investigar se a participação em cadeias globais de valor (CGV) influencia o nível de sofisticação tecnológica das exportações e a complexidade econômica de um país. A pesquisa abrange uma amostra de 58 países e uma subamostra de países em desenvolvimento, entre 2006 e 2015. Utilizando modelos dinâmicos, foram avaliadas duas variáveis dependentes: um índice de sofisticação das exportações (“q”) e o índice de complexidade econômica (ECI). Os resultados mostram que a participação nas CGV está associada a um aumento significativo na sofisticação da pauta de exportações, medida pelo índice “q”. Porém, quando analisada a complexidade econômica em termos mais amplos (ECI), os efeitos foram negativos e não significativos estatisticamente para países em desenvolvimento.

Leia o artigo de Raul Costa Cavalcanti Manso e Camila do Carmo Hermida em https://www.scielo.br/j/ecos/a/Qg4bBkcm7BK9vzcQP3t34hx/?format=pdf&lang=en

Procuramos identificar os principais vetores que reconfiguram a política industrial contemporânea nos EUA e na União Europeia para informar a formulação de políticas na América do Sul e no Brasil, dados os seus desafios específicos para o desenvolvimento econômico. Salientamos dois vetores principais, a segurança nacional e as preocupações ambientais, que desencadearam uma tendência para a nacionalização ou regionalização das cadeias de abastecimento através da substituição de importações. Também têm fundamentado a política industrial num planeamento abrangente que abrange vários sectores e atividades. A questão essencial para a América do Sul e o Brasil é combinar essas preocupações a partir de uma realidade sustentada pela desindustrialização, pela degradação ambiental (desmatamento) e pela marginalização social.

Leia o artigo de Carlos Aguiar de Medeiros e Esther Majerowicz em https://www.scielo.br/j/rep/a/JGvV9P3cQc3KpYgZsKZGBLS/?format=pdf&lang=en

O objetivo deste artigo é examinar os efeitos da complexidade econômica e relatedness (proximidade de conhecimentos produtivos) sobre o crescimento econômico das microrregiões brasileiras. A perspectiva da complexidade econômica sugere que os países que avançam em termos de sofisticação produtiva e relatedness tendem a alcançar altos níveis de renda e crescimento econômico. Além disso, estudos com análises em nível regionais tem consistentemente contribuído para o conjunto de evidências favoráveis a esta afirmação. Nós utilizamos modelos dinâmicos de econometria espacial (SDM, SDGMM-SYS e SDGMM-DIF) com as 558 microrregiões do Brasil, usando dados de emprego para as 59 atividades econômicas no período de 2002 a 2020. Nossos resultados sugerem que, em primeiro lugar, elevações nos níveis de complexidade econômica são associadas a elevações no PIB per capita. Em segundo lugar, a densidade das atividades (relatedness density) exibe uma correlação positiva com o PIB per capita. Em terceiro lugar, um achado importante é que existem efeitos desiguais da complexidade econômica sobre o crescimento econômico quando examinadas separadamente as grandes regiões no Brasil, principalmente em relação ao PIB per capita. Há uma falta de evidências com relação aos efeitos da relatedness e da complexidade econômica sobre o crescimento regional no Brasil e, as questões de endogeneidade e dependência espacial têm sido desconsideradas. Este estudo considera este gap relatando novas evidências dos efeitos da complexidade econômica e relatedness sobre o crescimento regional, bem como dos efeitos diferenciados com relação às regiões brasileiras. Um maior entendimento destes processos contribui para a formulação de intervenções estratégicas para promover complexidade econômica, relatedness e crescimento econômico regional.

Leia o artigo de Felipe Micail da Silva Smolski e outros em https://www.scielo.br/j/ee/a/5zWrVSywVNB6NnLhwSvp3Wh/?format=pdf&lang=en

Visando resgatar a importância demográfica e social associada ao crescimento econômico, esta pesquisa decompôs as oscilações do PIB per capita brasileiro entre 2006-2019 (com diferentes desagregações territoriais), em termos da produtividade (PROD), mobilização dos recursos humanos (MRHD) e força de trabalho potencial (FTP). Assim, avaliaram-se os impactos reais (baseados na própria decomposição) e potenciais (via cenários ótimos) de cada indicador sobre o crescimento econômico, bem como seus graus de correlação regional, taxas de convergência e determinantes locais (mediante estimativas econométrico-espaciais e variáveis adicionais de controle). Os resultados indicam que, apesar da queda na produtividade, o crescimento foi sustentado por avanços na MRHD e, em menor escala, na FTP. Embora melhorias na MRHD possam gerar altas taxas de crescimento, em relação aos demais componentes, esse indicador obteve os maiores índices de correlação regional e as menores taxas de convergência. Apesar do habitual foco dado à produtividade, os modelos voltados à MRHD e à FTP obtiveram maior poder explicativo, sugerindo que seria possível propor políticas, com razoável confiança estatística, que fomentassem o uso mais adequado desses indicadores, com promissores impactos sobre o crescimento e a redução das desigualdades regionais.

Leia o artigo de Hairiny Arruda Caires e Vinícius de Azevedo Couto Firme em https://www.scielo.br/j/rec/a/kTmCTVMDVLDvX3cxrymLvYt/?format=pdf&lang=pt

Este artigo defende a hipótese de que o rompimento do exclusivo colonial representou condição inicial e necessária para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento que viria a se consolidar e a se consubstanciar a partir da Revolução de 1930. Inobstante seus méritos e equívocos, o desenvolvimentismo pode ser considerado até hoje a única experiência de política econômica adotada no Brasil cujos objetivos de desenvolvimento industrial também abarcassem medidas de ampliação da cidadania e de distribuição de renda.

Leia o artigo de Ivan Colangelo Salomão e Pedro Cezar Dutra Fonseca em https://www.scielo.br/j/rep/a/7m5d7vjVrbjqkmKrJq9XkvR/?format=pdf&lang=pt

Este artigo analisa a dinâmica evolutiva do capitalismo no século XXI, destacando as transformações nas relações centro-periferia à luz das recentes mudanças econômicas, tecnológicas e políticas. A pesquisa parte da premissa de que não é possível compreender o capitalismo contemporâneo sem considerar a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o papel do Estado e as mudanças nas finanças globais. A questão central abordada é: “O que mudou na relação centro-periferia com as transformações recentes do capitalismo?”. A hipótese defendida é de que, nas últimas décadas, a periferia tem assumido um papel mais ativo na configuração sistêmica. A investigação identifica a emergência do “Efeito Bumerangue”, um fenômeno novo que caracteriza a clivagem centro-periferia, especialmente no início do século XXI. Leia o artigo de Sylvia Ferreira Marques em https://www.scielo.br/j/ecos/a/djFL4MQvNBDtBY7GnZtkV5P/?format=pdf&lang=pt

Costuma-se apontar a necessidade da construção de um pensamento brasileiro e latino-americano próprio em contraposição ao pensamento eurocêntrico, colonial. Sob essa premissa, é nosso objetivo, neste artigo, suscitar reflexões acerca da descolonialidade pela via da conciliação entre práticas e ideias de Bem Viver – na concepção original equatoriana – e atributos de Gestão Social. Tal reflexão é realizada com a mediação de referenciais provenientes, principalmente, de debates latino-americanos sobre descolonialidade e Bem Viver e brasileiros em torno dos estudos organizacionais críticos e gestão social.

Leia o artigo de Eduardo Vivian da Cunha e Washington José de Sousa em https://www.scielo.br/j/osoc/a/bnVXmwbV6c9f9wgT4JvjMYj/?format=pdf&lang=pt

O artigo analisa os efeitos sociais da implementação de dois programas de transferência de renda na América Latina (Oportunidades/México e Bolsa Família/Brasil) a partir de duas dimensões: (i) arranjos de implementação e (ii) interações entre beneficiários e agentes públicos locais. A primeira engloba aspectos associados à dinâmica organizacional, aos processos burocráticos e aos arranjos institucionais vinculados à trajetória da implementação e orientou a análise do Programa Mexicano. A segunda abrange questões relacionadas ao cotidiano dos processos de implementação relacionadas a julgamentos morais e controles sociais em relação aos grupos de beneficiárias, lente analítica utilizada para o Programa Bolsa-Família. Evidencia-se o reforço das assimetrias que contribuem para o aumento das desigualdades em diferentes dimensões: social, simbólica, moral, de classe, gênero e estigmatização. Criados em 2001 e 2003, respectivamente, os dois programas visam quebrar o ciclo intergeracional da pobreza. No México, foram realizadas 47 entrevistas com implementadores em diversos níveis, incluindo o local, nas cidades de San Luís Potosí e Puebla. No Brasil, os dados advieram de 70 entrevistas com famílias beneficiárias e não beneficiárias e com burocratas de nível de rua em uma área de pobreza na região metropolitana do Rio de Janeiro. As análises revelam que o Estado estabelece múltiplos controles sobre a população beneficiária, agravando as desigualdades sociais. Os dados também mostram que as localidades nos dois países são marcadas por um sistema de vigilância das beneficiárias. Ao visibilizar essas práticas e seus efeitos em nível local, o artigo evidencia o papel central que os agentes de rua desempenham na dinâmica de implementação.

Leia o artigo de Breynner Ricardo de Oliveira e Mani Tebet Marins em https://www.scielo.br/j/soc/a/wbndrPsMcSyFDRysnfScTvg/?format=pdf&lang=pt

As políticas de renda são fundamentais em tempos de complexidades sociais e dificuldades socioeconômicas. Nesse contexto, este estudo avalia a influência das políticas públicas de renda, em particular previdência e pensão, transferência condicionada e auxílio-desemprego, sobre condições de desenvolvimento, igualdade de renda e pobreza, além do papel de sistemas fiscais sobre elas. Na revisão de literatura, abordam-se cidadania, Estado de bem-estar social, políticas de renda e fiscais, desenvolvimento, desigualdade e pobreza, assim como resultados da ação das políticas renda. Em termos metodológicos, este é um estudo quantitativo que se utiliza de dados em painel, envolvendo 43 países da OCDE e os anos de 2000 a 2019. Operacionalmente, realizam-se análises exploratórias de dados e regressões pelo método System GMM. Os resultados indicam as políticas públicas de renda principalmente como mitigadoras de concentração de renda e promotoras de condições de saúde infantil e cidadania, caminhando como investimento social para o desenvolvimento.

Leia o artigo de Luciano Henrique Fialho Botelho e outros em https://www.scielo.br/j/se/a/ZN7ZZznBYzp5T4wQ9CYSFcN/?format=pdf&lang=pt

A pobreza é frequentemente estudada com base em uma única dimensão, predominantemente representada pela renda. Mas existem outras dimensões relevantes nas discussões sobre o tema, como estar bem nutrido, estar bem abrigado, ter boa saúde e participação na sociedade, entre outras. Uma abordagem que pode auxiliar a sustentar esta concepção multidimensional para a pobreza é a abordagem das necessidades humanas. Assim sendo, neste trabalho, objetiva-se apresentar o quadro evolutivo dessa abordagem a fim de estabelecer um conceito multidimensional para a pobreza. Por meio de uma análise teórica, ao longo deste estudo, demonstrou-se que a abordagem das necessidades humanas é marcada por uma variedade de interpretações. A abordagem evoluiu para incorporar aspectos que, se não forem satisfeitos, limitam e impedem as pessoas de usufruírem de uma vida digna. Portanto, em oposição à ideia fundamentada estritamente na renda, a pobreza passa a ser entendida como não satisfação das necessidades.

Leia o artigo de Ana Márcia Rodrigues da Silva e Henrique Dantas Neder em https://www.scielo.br/j/ecos/a/7kfzknBxKnVZGRKhKx65jRm/?format=pdf&lang=pt