30/09/2024

Cada vez mais, as pesquisas sobre a gestão de organizações culturais se destacam, à medida que reconhecemos as contribuições simbólicas e materiais da economia criativa para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Contudo, carecemos de uma visão integrada e robusta dessa gestão, baseada numa caracterização clara do campo e de suas singularidades. O objetivo deste artigo é descrever a produção acadêmica sobre gestão de organizações culturais e demarcar um horizonte conceitual-teórico fecundo para estimular a pesquisa futura. A metodologia é baseada numa revisão sistemática de produções acadêmicas publicadas nas bases de dados nacionais e internacionais. Os resultados da pesquisa incluem a elaboração de três categorias integradoras da produção acadêmica: perspectivas sobre questões centrais na pesquisa sobre organizações culturais (técnico-operacional e política), as singularidades dessas organizações (hipersensibilidade, hipertensão e hiperincerteza) e o paradoxo como um eixo teórico-conceitual crucial para melhorar o conhecimento sobre as organizações culturais. Os resultados propõem uma agenda para pesquisas futuras com base no conceito de paradoxo.

Leia o artigo de Fabiana Pimentel Santos e Eduardo Davel em https://www.scielo.br/j/cebape/a/Hb9rjrYBcYJCC74z7Fj3bVg/?format=pdf&lang=pt

Este artigo investiga os saberes práticos incorporados (saberes-fazeres) que compõem as práticas organizativas das culturas populares na cidade de Caruaru, localizada na região Agreste do estado de Pernambuco, no Nordeste brasileiro. Realizamos entrevistas informais e semiestruturadas com 15 mestres, mestras e artistas de Caruaru, ligados(as) a onze diferentes segmentos das culturas populares, e realizamos observações não participantes em oficinas, reuniões e fóruns. Nossa discussão reflete sobre ancestralidades, afetos entre familiares, mestres, mestras e aprendizes, regras explícitas, conflitos e distinções que constituem os saberes-fazeres populares subjacentes às práticas organizativas. Destacamos como principais contribuições do artigo aos Estudos Organizacionais: a produção de conhecimento autêntico sobre organizações localizadas em contextos periféricos, e o questionamento da distinção entre ‘saber’ e ‘fazer’ e da racionalidade instrumental como a base das práticas organizativas. Finalmente, apontamos como a teoria da prática inicia uma discussão ampla sobre as culturas populares num contexto periférico como o Agreste de Pernambuco, que inclui a contribuição de outras perspectivas e conduz a ações concretas na prática.

Leia o artigo de Elisabeth Cavalcante dos Santos e outros em https://www.scielo.br/j/osoc/a/Gpy7bhJy6kfzLn4vVPZjpdR/?format=pdf&lang=pt

O objetivo deste artigo é reconhecer o papel da inovação nos resultados exitosos que a produção de Queijo Minas Artesanal (QMA) da Canastra. O alicerce metodológico se estruturou com revisão bibliográfica, levantamento documental, pesquisa de campo e entrevistas. Nossos resultados revelam a articulação entre conhecimento tradicional e científico como elemento chave na sofisticação produtiva do QMA da Canastra, promovendo a qualificação do trabalho e a busca pelo atendimento a padrões de exigência do mercado consumidor sem romper com laços e práticas do saber-fazer local, fruto de uma relação sociedade-natureza historicamente construída. A discussão proposta é situada no âmbito de estudos empíricos sobre inovação baseada em recursos naturais na América Latina e de reflexões em torno de sistemas territoriais de inovação (STI), que leva em consideração uma perspectiva multiescalar do processo inovativo que tem vigorado em estudos no campo da Geografia do Conhecimento e da Inovação. Apesar dos avanços constatados, salientamos que a estruturação do QMA da Canastra ainda enfrenta obstáculos com fragilidades estruturais típicas de STI periféricos. Almejamos que os resultados possam contribuir não apenas para a compreensão da região produtiva do QMA da Canastra, mas que possa ser um material de apoio para políticas de inovação que consideram a necessidade de um olhar para a realidade das regiões.

Leia o artigo de Letícia da Silva Bastos e outros em https://www.scielo.br/j/sn/a/FjZqdnSQvnRNnfgkGg74Z9j/?format=pdf&lang=pt

O talento e as características artísticas destes empreendedores podem criar ecossistemas de inovação cultural, pois existe uma efervescente criatividade que pode e deve ser usada em prol do território. Essa conexão pode mitigar problemas econômicos e sociais, ativando o pertencimento da comunidade e ofertando visibilidade aos fazedores de cultura. O presente estudo visa investigar as contribuições de microempreendimentos do ramo da cultura para o desenvolvimento regional na região metropolitana do Rio de Janeiro. Esses empreendimentos corroboram para o equilíbrio econômico e social do território, potencializando recursos culturais existentes, ofertando pertencimento e renda para a comunidade local. Foi realizada a revisão sistemática dividida em duas etapas, primeiro na formação do portfólio bibliográfico e nos resultados extraídos do procedimento, depois, procurou-se analisar a conexão entre desenvolvimento regional com a cultura. Foram utilizadas três bases indexadas, a Web of Science, SciELO e Scopus, com o período de buscas entre 2001 até 2021, que retornou, depois do processo de elegibilidade, 102 artigos. Percebeu-se que a ligação das palavras-chave “empreendedorismo cultural” e “desenvolvimento regional” era pouco discutida em revistas de maior relevância para o debate no mundo, no entanto, existia uma lacuna científica importante para o debate acadêmico, como a transversalidade que a cultura é capaz de gerar a partir de seus produtos e serviços.

Leia o artigo de Thales Abreu da Costa Lima e outros em https://www.interacoes.ucdb.br/interacoes/article/view/3911/2987

O artigo tem como objetivo compreender o papel das políticas para o setor audiovisual na proteção contra a concorrência predatória externa, bem como as tentativas de desmontá-las, nos governos Temer e Bolsonaro. Compreende-se que a economia da cultura é um elemento basilar para o desenvolvimento nacional sustentável, sendo possível tomar o audiovisual como um dos setores nos quais há maiores avanços, mesmo com deficiências estruturais. Como estratégia metodológica, nos propomos a mapear essas políticas, analisando relatórios produzidos pela Ancine e pelo Observatório do Cinema e do Audiovisual, entre outros. Conclui-se que, mesmo com avanços na produção em diferentes formatos, com diferentes estéticas, persistem problemas na distribuição e exibição de obras brasileiras e na concentração de recursos. Cabe considerar a carência de medidas para fomentar a crítica, a pesquisa, a promoção, a formação de público, a preservação e qualificação profissional como elementos indispensáveis para o desenvolvimento do cinema, da televisão e do vídeo. Um diagnóstico permite lançar as bases para um projeto de desenvolvimento nacional que tome a cultura como eixo norteador.

Leia o artigo de Ruy Alkmim Rocha Filho e Joane dos Santos Araújo em https://revistaprincipios.emnuvens.com.br/principios/article/view/353/184

Considerando as semelhanças existentes na literatura, o objetivo desse trabalho é analisar as interfaces entre o artesanato e a economia criativa no Projeto de Artesãs Sereias da Penha, por meio das características do produtor (saber tradicional, criatividade e competências empreendedoras), Aspectos do produto (valor simbólico e criatividade), Redes sociais (interações entre atores), e Impactos do produto (ambiental, econômico e social). Realizou-se um estudo de natureza qualitativa/exploratória, com entrevistas semiestruturadas e dados secundários. Após a análise do software ATLAS.ti, constou-se que o saber tradicional transmitido pelo artesão contribui para a economia criativa, esta que tem como fator chave o conhecimento tradicional. Ademais, o valor simbólico do produto é um atributo essencial para ambas as temáticas, visto que possui alto valor cultural. Outrossim, as interações sociais surgem como facilitadoras das capacidades criativas locais, dado que tende a fortalecer a área da economia criativa e do artesanato, nos aspectos econômicos, sociais e ambientais. Leia o artigo de José Luis Rozendo Braz e Lucia Santana de Freitas em https://www.periodicos.unc.br/index.php/drd/article/view/5147

Cada vez mais jovens fazem sucesso no mundo “real” a partir da exposição de seus talentos na Internet. Este é um fenômeno inédito do qual o presente artigo oferece uma análise inicial. Tendo em vista que encarar tais sucessos exclusivamente como iniciativas individuais bem-sucedidas não é suficiente para explicar seu crescente número, torna-se necessária outra abordagem. Neste artigo é proposto o esboço de uma integração teórica que envolve áreas tradicionalmente distintas em cuja interseção o novo fenômeno se insere: as da economia de mercado, da criatividade e das tecnologias digitais. Nesse esboço, a concepção de economia criativa atua como o elemento articulador dessas três áreas, dado que atribui à criatividade o papel de sua força motriz e às tecnologias digitais, principalmente à Internet, o status de sua condição de emergência bem como de sua infraestrutura. Alguns casos de sucesso são apresentados e interpretados à luz dessa integração teórica preliminar.

Leia o artigo de Ana Maria Nicolaci-da-Costa em https://www.scielo.br/j/psoc/a/txCrgWRwPFVy3Sj74Cdj47z/?format=pdf&lang=pt

O paradigma tecnológico das TICS trouxe mudanças significativas na economia da música, reduzindo custos e ampliando possibilidades de acesso à produção. O objetivo do presente artigo é verificar se os atuais impactos tecnológicos na produção de música também são percebidos em zonas periféricas urbanas, a partir do estudo de caso da produção de música rap no Grajaú. Assim, considera-se a hipótese: os impactos tecnológicos possibilitaram redução nos custos de produção e ampliação do acesso à produção musical. Ademais, novas formas organizacionais de produção emergem baseadas em redes. Os resultados encontrados resumem-se em: a) os impactos das TICs na produção musical verificam-se no estudo de caso específico, sugerindo que as inovações atingem também a periferia, b) a produção de música local ocorre em organizações baseadas em redes, incorporando relações monetárias e comunitárias. Nota-se que a produção de música rap no Grajaú apresenta aspectos comunitários e colaborativos associados a econômicos e monetários.

Leia o artigo de Rodrigo Cavalcante Michel e outros em https://www.scielo.br/j/neco/a/SwVfcHKGGdvQhLV7PgYhFHB/?format=pdf&lang=pt

A extração da matéria-prima na região amazônica pede reflexões em face dos impactos social e ambiental, no processo de produção local. Dessa forma, acredita-se ser necessário buscar respostas ao modo de desenvolvimento local fundamentados na sustentabilidade e nos conceitos da Economia criativa na Amazônia. O problema desta pesquisa é como a economia criativa pode influenciar na natureza social, econômica e ambiental da sustentabilidade na Amazônia? E como objetivo geral estudar a relação da economia criativa com a sustentabilidade. Optou-se pelo método qualitativo de dados secundários, da revisão bibliográfica das teorias: do desenvolvimento econômico na vertente da destruição criativa e da Teoria Institucionalista verificando as organizações dos cenários em questão, e conceitos da sustentabilidade e Economia Criativa. E utilizou a técnica de Análise de Conteúdo na visão de Bardin (1977). E para identificar a ordem de ações e priorizar na tomada de decisão, optou-se pela ferramenta Gut. Perante análise da Matriz Gut, as características da sustentabilidade foi a que demonstrou mais pontuação, no total de 125, seguida dos princípios norteadores da economia criativa com 80 pontos e a Inovação Criativa com 60 pontos. Para análise das formas de interação social e cultural, utilizou-se Habermas (1987), com suas ideias do agir comunicativo. Dessa forma, conclui-se que economia criativa pode influenciar na natureza social, econômica e ambiental da sustentabilidade na Amazônia no modo de execução das atividades, identificando as características da sustentabilidade, envolvendo os coletores e o saber popular, dando oportunidade de demonstrarem sua capacidade criativa, junto com a inovação social.

Leia o artigo de Maria Rafaella Roysal Fontenelle e outros em https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/clcs/article/view/7123/4612

A partir dos conceitos de cultura, território, conservação integrada e sustentabilidade, o artigo analisa o significado da participação social em processos de reconhecimento, apropriação, preservação e valorização do patrimônio cultural. Adota como objeto o Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, e seu Plano de Requalificação, que visa transformá-lo num “campus parque”. Tem base num diagnóstico sobre a participação social, que aponta a necessidade de sua ampliação para a consolidação desse núcleo como um patrimônio cultural não só para as ciências e a saúde, mas também por sua apropriação pelo território como um bem de valores simbólico, cognitivo e identitário e como elemento estruturante ao desenvolvimento sustentável.

Leia o artigo de Marcos José de Araújo Pinheiro e Roberta dos Santos de Almeida em https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pK8SbSJzmhbcDHvTGQPSqPq/?format=pdf&lang=pt