30/04/2024

Esta pesquisa objetivou compreender como a internacionalização das políticas públicas educacionais agravaram o mal-estar vivido pelos docentes do ensino básico e quais os tipos de reflexão que fazem diante dessa realidade. A metodologia de pesquisa teve como base a abordagem qualitativa, a partir da pesquisa-formação e de acordo com a proposta de ateliês lúdicos formativos. A análise dos dados produzidos foi realizada na perspectiva fenomenológica. Como resultado, evidenciou-se que o mal-estar narrado pelos docentes é potencializado por meio de políticas públicas educacionais, a partir do estabelecimento do estado de impotência, em decorrência de uma lógica violenta na qual o lucro se sobrepõe. Constatou-se ainda o crescente movimento de desprofissionalização imposto por uma perspectiva de educação como produto de mercado que tem levado a proletarização, precarização e desvalorização do trabalho docente e descaracterização da escola.

Leia o artigo de Roberta Melo de Andrade Abreu e outros em https://www.scielo.br/j/rbedu/a/NBZkqhPKCg8ww46DCHBTWxp/?format=pdf&lang=pt

Apresento neste artigo a proposta de alçar os serviços sociais públicos ao status de componente central de um projeto de desenvolvimento. Por que os serviços sociais públicos? Para além das evidentes e urgentes necessidades sociais, que justificativas teóricas reivindicam para eles a atenção pública? Qual a atualidade dessas justificativas em termos de debates contemporâneos? Que efeitos de encadeamento os serviços sociais públicos disparam e que evidência temos de desdobramentos desejáveis em termos dos desafios contemporâneos do desenvolvimento? Essas são as questões que aqui me ocupam. Leia o artigo de Celia Lessa Kerstenetzky em https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/9952/6903

Na crônica da política brasileira, o conceito de “troca” frequentemente carrega conotações pejorativas, associado a interesses e benefícios puramente individuais. A compreensão predominante vincula esse termo a vantagens concedidas meramente a um indivíduo, ignorando seu papel fundamental na interação social e política. Essa interpretação equivocada revela uma esquizofrenia conceitual: enquanto na vida corriqueira das pessoas, a troca é vista como um meio para atender interesses mútuos, na política, paradoxalmente, ela é vista como inapropriada. De igual forma, é comum a confusão entre os conceitos de corrupção e troca, levando a uma percepção distorcida sobre as práticas políticas. Corrupção, conforme entendida corretamente em termos terminológicos, refere-se a práticas que transgridem a lei e, por isso, podem resultar em responsabilização criminal. Contrariamente, a troca não é sinônimo de crime. Originária da economia, a troca envolve a compatibilização de interesses individuais e a melhoria do bem-estar através da utilização das habilidades próprias e alheias. Nesse contexto, a troca é um processo natural e legítimo de interação e negociação.

Leia o artigo de Fabiano Santos em https://inteligencia.insightnet.com.br/joga-pedra-na-geni-neomoralismo-intolerancia-e-desconhecimento-da-democracia/

O artigo apresenta uma leitura crítica da terceira onda de estudos sobre clientelismo na América Latina produzidos na Ciência Política a partir dos anos 2000. Por meio de um diálogo com os autores e trabalhos mais influentes, o objetivo é mostrar que apesar de importantes avanços, esta literatura ainda enfrenta dificuldades no que se refere à definição do clientelismo. O argumento central é o de que essas dificuldades se devem à adoção de suposições universais e rígidas sobre o comportamento de políticos e eleitores e ao forte tom normativo das análises, quase sempre baseadas em premissas sobre como a democracia deve funcionar e sobre como o clientelismo distorce esse ideal. Para demonstrar o argumento, o conceito de clientelismo foi desagregado em quatro aspectos centrais: o objeto das trocas, os participantes, o método utilizado e a temporalidade. A análise dessas dimensões é articulada com a literatura sobre formação de conceitos, especialmente com os critérios de diferenciação, profundidade, coerência interna e utilidade teórica. O artigo conclui propondo caminhos para a superação dos problemas apontados, entre eles, a reavaliação das premissas que informam as análises, a valorização da descrição e o investimento em desenhos de pesquisa multimétodos.

Leia o artigo de Marta Mendes da Rocha em https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/TbwSYpfKT78V7MYH4M3hRfj/?format=pdf&lang=en

Este estudo tem por objetivo investigar o efeito da estrutura do conselho no engajamento das empresas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Foram analisadas as características do conselho de administração relacionadas a tamanho, independência e diversidade, bem como a divulgação dos 17 ODS de 371 empresas sediadas na América Latina no período de 2016 a 2020. Os dados foram analisados mediante regressão de dados em painel com efeitos fixos e regressão de dados em painel pelo método logit. Os achados da pesquisa mostraram que o tamanho e a independência do conselho têm um efeito positivo na divulgação dos ODS. Os resultados dialogam com a Teoria dos Altos Escalões, na medida em que ela preconiza que as escolhas e o posicionamento estratégico da empresa são feitos pela alta administração, ou seja, os membros do conselho de administração. A pesquisa amplia a explicação dessa teoria, confirmando que a alta administração é determinante para o posicionamento estratégico em questões ambientais e sociais. Gestores e acionistas devem compreender que determinados fatores, como a formação de um comitê de responsabilidade social e a elaboração de relatório de sustentabilidade, também podem contribuir para a Agenda 2030. No nível governamental, os resultados são úteis a formuladores de políticas públicas, já que eles podem incentivar a criação de normas para divulgação voluntária de informações ambientais e sociais. Leia o artigo de Alan Bandeira Pinheiro e outros em https://periodicos.fgv.br/cadernosebape/article/view/90770/85291

A pandemia de Covid-19 mostrou como são importantes as capacidades e capacitações do setor público para reagir a crises e reconfigurar as políticas e práticas de implementação existentes. Antes da pandemia, os formuladores de políticas estavam cada vez mais voltando sua atenção para políticas de inovação orientadas por desafios, a fim de enfrentar emergências climáticas e outros desafios sociais “perversos”. Tal “virada normativa” também pressupõe a existência do que se pode chamar de capacitações dinâmicas no setor público. Este artigo oferece uma nova síntese de como conceituar capacitações dinâmicas no setor público. O artigo sintetiza a capacidade estatal existente, a capacidade de inovação do setor público e a literatura sobre capacitações dinâmicas. Usando três breves estudos de caso (o Serviço Digital do Governo do Reino Unido, o Vinnova da Suécia e a cidade de Barcelona), o artigo discute as origens e os elementos constitutivos (criação de sentido, conexão, modelagem) das capacitações dinâmicas. O artigo também discute como as capacitações dinâmicas poderiam ser avaliadas.

Leia o artigo de Rainer Kattel em https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/9949/6899

Este ensaio teórico, de natureza reflexiva e interpretativa, utiliza abordagem qualitativa, com objetivo de refletir sobre interseções e contribuições dos estudos de carreira para a discussão da administração pública brasileira, entrelaçando as discussões sobre carreira, competências e dimensionamento. Entendemos que a interseção entre os conceitos possibilita investigações e avanços dessa temática, dada a complementaridade dos olhares a partir das teorias de carreira. Isso porque tal interface conceitual consegue revelar um aspecto sem fronteiras, ou de aprendizagem contínua, ou de dual-career, considerando o contexto de vida ampliado, através da perspectiva organizacional ou percebendo as alterações ao longo da vida. Esses diferentes aspectos, combinados com a heterogeneidade de carreiras, cargos, pessoas, origens, motivações de (re)ingresso dos servidores públicos, demonstram um rico ambiente que oferece diversos prismas, com possibilidades e necessidade de diferentes abordagens. Leia o artigo de Jair Jeremias Junior e outros em https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/5447/6913

Nos últimos anos, a gestão de pessoas passou por uma evolução significativa, tendo sido impulsionada principalmente pela introdução de People Analytics e Workforce Planning. Esses avanços, combinados com uma liderança eficaz, estão remodelando a maneira como as organizações no setor público e privado abordam o capital humano. O presente artigo explora como a integração dessas ferramentas oferece uma oportunidade única para que as organizações não só otimizem suas operações, mas também se adaptem de maneira proativa às mudanças dinâmicas do ambiente empresarial e social.

Leia o artigo de Hélio Arthur Reis Irigaray e Fabricio Stocker em https://periodicos.fgv.br/cadernosebape/article/view/90281/84757

Este estudo trata do desenvolvimento de uma medida de reputação dos setores de gestão de pessoas da administração pública brasileira. Constituída de 61 itens distribuídos em 3 dimensões – confiança, credibilidade e qualidade -, a medida foi submetida a um processo de validação teórica, com participação de 6 juízes, e empírica, etapa que envolveu uma amostra de 308 respondentes de órgãos dos diversos poderes públicos. As análises estruturais sugeriram um impasse entre 2 modelos fatoriais – um deles com 1 fator e o outro, com 2 -, resolvido por meio de um modelo bifator, cujos resultados indicaram uma estrutura unifatorial composta por 19 itens, associados teoricamente à qualidade dos serviços prestados pelos setores de gestão de pessoas aos seus públicos internos e à credibilidade e confiança atribuídas por tais públicos àquele setor. Enfim, a medida de reputação obteve sustento teórico e empírico, podendo ser usada como indicador fidedigno e confiável em iniciativas de avaliação sobre a efetividade das unidades de gestão de pessoas no contexto de organizações públicas.

Leia o artigo de Igor Guevara Loyola de Souza e Pedro Paulo Murce Menezes Cavalcante em https://www.scielo.br/j/rap/a/7KHRPcJYKWwDqVDcLB5DhmQ/?format=pdf&lang=pt

A interface entre a gestão e a academia é um dos elementos constitutivos do campo de políticas públicas. O processo decisório se dá em contextos específicos que mobilizam distintos subsídios, dentre os quais o conhecimento científico. O artigo buscou compreender quem realiza e como se dá a intermediação entre gestores e pesquisadores no âmbito do governo federal brasileiro. Os métodos empregados foram uma pesquisa de survey e dois estudos de caso. Os resultados indicam burocratas intermediadores com elevada escolaridade, cujas atividades relacionais contribuem para o papel que desempenham. Observa-se uma postura ativa e de atuação conjunta entre gestores e pesquisadores para produzir conhecimento aplicado. Portanto, a pesquisa não corrobora a Teoria de Duas Comunidades e aponta para a existência de múltiplas comunidades epistêmicas, conformadas pelo contexto decisório.

Leia o artigo de Natália Massaco Koga em https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/9wxyh49N6m3vFb5wqnmvxkQ/?format=pdf&lang=pt